ONU terá missão para investigar crimes do EI no Iraque
Conselho de Direitos Humanos afirma que grupo terrorista cometeu abusos “em escala inimaginável”
O Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu enviar uma missão de emergência para investigar crimes contra a humanidade cometidos pelos terroristas do Estado Islâmico (EI) no Iraque. O comitê adotou uma resolução apresentada pela França e pelo Iraque sem votação. “Estamos enfrentando um monstro terrorista”, ressaltou o ministro de Direitos Humanos do Iraque, Mohammed Al Sudani. “Os atos do EI ameaçam não somente o Iraque, mas toda a região e o mundo todo”, acrescentou, em discurso durante a reunião em Genebra, na Suíça.
No encontro, a vice-comissária, Flavia Pansieri, afirmou que as informações recebidas pela ONU “revelam atos desumanos em uma escala inimaginável”, cometidos pelos jihadistas. Ela destacou que crianças são usadas como informantes, guardas em postos de controle e também em ataques suicidas. Relatos de refugiados e adolescentes que conseguiram escapar do terror afirmam que muitos garotos servem como escudos dos terroristas durante operações militares ou são forçados a doar sangue para o tratamento de jihadistas feridos.
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Flavia destacou ainda as severas restrições impostas às mulheres, que estão sujeitas à patrulha de uma força destinada a “promover a virtude e evitar o vício”. Na prática, o grupo existe para fiscalizar o cumprimento de medidas como a proibição de sair às ruas sem a presença de um guardião e sempre com o rosto coberto. Além disso, há cada vez mais relatos sobre agressões contra mulheres acusadas de infringirem as regras.
Na última semana, a ONU afirmou ter recebido informações de que ao menos 650 detentos de uma prisão em Mosul foram executados pelo Estado Islâmico em julho. Segundo testemunhas, os que alegaram ser sunitas foram poupados, enquanto xiitas e membros de outras comunidades religiosas ou étnicas foram jogados em valas e mortos.
O conselho falou que civis também foram mortos pelas forças iraquianas. Nos dias 14 e 15 de agosto, dois ataques aéreos em Kirkuk deixaram 25 mortos, enquanto em Falluja, dezessete civis foram mortos em bombardeios realizados entre os dias 14 e 17. No dia 22, voluntários das forças do governo mataram 73 pessoas em uma mesquita sunida em Bani Wais, na província de Diyala, enumerou.
Flavia pediu à comunidade internacional que intensifique seus esforços para proteger os iraquianos e assegurar a punição aos que participaram ou apoiaram crimes de guerra no país.
(Com agência Reuters)