ONU rejeita pedido da Rússia por voto secreto sobre anexação na Ucrânia
107 países se mostraram a favor da medida que obriga que a votação sobre anexação seja pública; Rússia fala em 'lobby ocidental'
A Assembleia Geral das Nações Unidas rejeitou nesta segunda-feira, 10, o pedido da Rússia para que o órgão realize uma votação secreta sobre a decisão de condenar ou não Moscou pela anexação das quatro regiões separatistas da Ucrânia.
Com 107 votos a favor, entre os 193 disponíveis, a ONU decidiu que o processo de resolução que irá definir se os referendos e a tentativa de anexar os territórios são ilegais será feito de maneira pública e, de acordo com diplomatas, deve acontecer já na próxima quarta-feira, 12.
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Apenas 13 países escolheram pelo voto secreto e outros 39 se abstiveram – os 34 restantes não entraram na votação. Segundo a Rússia, a votação secreta era necessária porque o lobby ocidental pode “prejudicar muito as nações que se expressarem de maneira contrária publicamente”.
No final de setembro, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou formalmente a anexação das regiões de Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Luhansk, que correspondem a cerca de 15% de todo o território ucraniano.
Segundo ele, os referendos organizados pelos governos locais validam o movimento, mas a comunidade internacional e a Ucrânia apontam para um movimento ilegal que obrigou vários moradores a votarem sob ameaças.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pressionou a comunidade internacional nesta segunda para deixar claro que as ações de Putin são “completamente inaceitáveis”.
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“Agora é a hora de falar em apoio à Ucrânia; não é hora de abstenções, palavras apaziguadoras ou equívocos sob alegações de neutralidade. Os princípios centrais da Carta da ONU estão em jogo”, disse ele em comunicado.
A Rússia já havia vetado no mês passado uma resolução semelhante no Conselho de Segurança – por ser membro permanente do órgão ela tem direito ao veto sem contestação.
O país vem tentando acabar com o seu isolamento internacional desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, quando quase três quartos da Assembleia Geral repreendeu Moscou e exigiu que as tropas fossem retiradas da Ucrânia.
A movimentação desta semana reflete o que aconteceu em 2014, depois da anexação da península da Crimeia. No Conselho de Segurança, os russos vetaram um projeto de resolução que se opunha a um referendo sobre o status da região e instou os países a não reconhecê-lo.
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A Assembleia, no entanto, declarou o movimento inválido com 100 votos a favor, 11 contra e 58 abstenções formais, ao mesmo tempo que 20 países não participaram.