Obama ordena ofensiva para capturar Kony
Acusado desde 2005 de crimes contra a humanidade, guerrilheiro de Uganda é um dos dez criminosos mais procurados internacionalmente
O presidente americano Barack Obama ordenou um maior esforço das tropas de operações especiais dos Estados Unidos para caçar Joseph Kony, informa o Washington Post em sua edição desta segunda-feira. Os EUA vão enviar nesta semana aviões e cerca de 150 homens à Uganda para tentar capturar Kony, comandante de uma violenta guerrilha que tenta impor um governo teocrático em Uganda e que está na lista dos dez criminosos mais procurados no mundo pela Corte Penal Internacional.
De acordo com a vice-secretária assistente de Defesa para assuntos africanos, Amanda Dory, pelo menos quatro aeronaves Osprey CV-22 devem chegar até o final desta semana em Uganda. Essas aeronaves são um híbrido entre um avião e um helicóptero, com asas e hélices, ideais para voos rasantes e para pousarem em terrenos acidentados. A Casa Branca notificou o Congresso sobre a operação na noite deste domingo. Amanda e outros funcionários da administração Obama ouvidos pelo jornal enfatizaram que os Ospreys serão usados para transporte de tropas. O primeiro esforço dos EUA para capturar Kony foi em outubro de 2011, mas a operação fracassou.
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Os soldados dos EUA estão autorizados a “fornecer informação, aconselhamento e assistência” para uma força-tarefa militar da União Africana que rastreia os passos de Kony e sua organização, chamada de Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês). As tropas também estão autorizadas a percorrer Uganda, a República Centro-Africana, Sudão do Sul e o Congo – todos países centrais do continente africano. Os soldados americanos, no entanto, estão proibidos de atacarem os guerrilheiros e só podem agir em legítima defesa. Com a chegada da nova tropa, os EUA terão cerca de 300 homens operando em Uganda e nos países vizinhos.
Joseph Kony ganhou fama mundial em 2012 devido a uma ruidosa campanha da ONG americana Invisible Children. Em apenas 4 dias, quase 39 milhões de pessoas assistiram ao vídeo “Kony 2012” no YouTube. O vídeo é uma denúncia ao uso de crianças como soldados pelo Exército de Resistência do Senhor em Uganda. Seu objetivo é sensibilizar a população mundial para ajudar a capturar o criminoso e levá-lo ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda, onde o guerrilheiro é acusado de crimes contra a humanidade desde 2005.
Embora não haja dúvida quanto ao perfil de Kony – uma figura abominável e sanguinária – o vídeo não foi acolhido apenas com elogios e o entusiasmo de personagens como Rihanna e o rapper P. Diddy, que publicaram o vídeo em seus perfis oficiais no Twitter. Os objetivos da Invisible Children foram questionados. Ela já foi descrita como um grupo de pressão, cujo objetivo não seria apenas divulgar uma causa, mas levar o governo americano a se envolver de maneira direta – ou seja, militarmente – na captura de Kony. Alguns críticos também alegam que a Invisible Children gasta a maior parte de seu dinheiro com salários e viagens. É certo, contudo, que a ONG opera um centro de acolhimento no Norte de Uganda para receber crianças e adolescentes que escaparam das fileiras da LRA.