Miriam Burgués.
Cartagena (Colômbia), 15 abr (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste domingo que dará boas-vindas a uma Cuba ‘livre’ em próximas edições das Cúpulas das Américas, repetiu que não apoia a descriminalização das drogas e apoiou o papel da Colômbia como líder regional.
‘Minha esperança é que Cuba veja o que se passou em países como Colômbia, Brasil e Chile. Quando isso ocorrer, terá os Estados Unidos de braços abertos’, disse Obama após a 6ª Cúpula das Américas, que aconteceu neste fim de semana em Cartagena, na Colômbia. A reunião terminou sem um consenso sobre a ilha caribenha e as ilhas Malvinas.
Obama deu uma entrevista coletiva ao lado do presidente da Colômbia e anfitrião da cúpula, Juan Manuel Santos, com quem teve uma reunião bilateral na qual reafirmou sua postura sobre Cuba, criticada pela maioria dos países latino-americanos.
Após defender os princípios que estão na Carta Democrática Interamericana, assinada pelos estados-membros da OEA, Obama afirmou que espera ver um processo de ‘transição’ política em Cuba.
‘Quero que o povo de Cuba se integre ao continente, que seus cidadãos se expressem, que possam criticar seus líderes’, argumentou.
Obama explicou que sua posição sobre Cuba ‘não mudou’ nos últimos anos. Muitos analistas sustentavam que sua inflexibilidade sobre a ilha se deve ao processo eleitoral nos EUA. O estado da Flórida, onde vivem os exilados cubanos anti-castristas, tem um peso muito grande nas eleições americanas.
Em relação às ilhas Malvinas, Obama disse que a posição dos EUA é neutra e que seu país cultiva boas relações com a Argentina e o Reino Unido.
A 6ª Cúpula das Américas terminou com o apoio latino-americano para que Cuba esteja presente na próxima reunião continental, mas sem uma declaração final por falta de consenso sobre o tema e a disputa entre Reino Unido e Argentina pelas Malvinas.
Obama reconheceu a ‘falta de consenso’, mas ao invés de falar sobre fracasso, aproveitou para dizer que a cúpula foi um ‘tributo’ à Colômbia por sua ‘transformação’ num país ‘com uma segurança que não era vista há décadas, uma economia que cresce e instituições democráticas e fortes’.
‘O progresso econômico da Colômbia coloca o país no caminho dos países desenvolvidos’, enfatizou presidente americano. Já no sábado, num fórum com empresários, o líder citou a Colômbia e o Brasil como exemplos de ‘governos transparentes’ que alcançaram crescimento econômico e a prosperidade.
Num momento no qual a China estreita seus laços com a América Latina, Obama não quer deixar passar a oportunidade de se relacionar com o Brasil, a sexta economia mundial, e com a Colômbia, que descreveu como uma potência em construção.
No sábado, Obama prometeu uma ‘nova era de associação’ com a América Latina, uma região ‘em muito boa posição’ diante dos desafios da globalização e com um bilhão de potenciais consumidores.
Como exemplo de seu apoio à Colômbia, Obama anunciou que o Tratado bilateral de Livre-Comércio (TLC) entrará em vigor em 15 de maio, após ele ter sido assinado em 2006 mas paralisado no Congresso americano até outubro do ano passado.
Além disso, EUA e Colômbia colaborarão a partir de hoje para melhorar a segurança na região, principalmente nos países centro-americanos, que enfrentam severos problemas com a violência do narcotráfico.
Segundo o chefe de estado, a cúpula proporcionou uma discussão ‘boa, útil e franca’ sobre a luta antidrogas. Obama voltou a defender na entrevista coletiva ‘medidas adicionais’ para combater esse mal. Além disso, frisou que não apoia a descriminalização das drogas.
Obama também se referiu ao assunto que a imprensa americana mais falou neste fim de semana: o escândalo pela suposta relação entre agentes do Serviço Secreto e prostitutas em Cartagena.
Após defender o ‘extraordinário trabalho’ do Serviço Secreto para protegê-lo, Obama disse que espera que a investigação sobre o ocorrido em Cartagena seja ‘rigorosa’.
O presidente dos EUA disse que ficaria decepcionado se seus agentes fossem considerados culpados de negligência, pois espera que sua delegação se comporte em qualquer país ‘com a máxima dignidade’. EFE
mb/dk