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O que se sabe a respeito do vazamento de documentos dos EUA sobre Ucrânia

Relatórios secretos, publicados na internet, detalham como os EUA espionam amigos e inimigos e trazem dados sobre os exércitos da Ucrânia e da Rússia

Por Da Redação
Atualizado em 11 abr 2023, 09h55 - Publicado em 11 abr 2023, 09h48
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  • O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está se esforçando para investigar e conter as consequências de um grande vazamento de documentos secretos do Pentágono sobre a guerra na Ucrânia, que abalou autoridades americanas, membros do Congresso e aliados importantes nos últimos dias.

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    Os documentos incluem detalhes sobre como os Estados Unidos espionam amigos e inimigos, bem como informações sobre os exércitos da Ucrânia e da Rússia. As informações foram publicadas no mês passado em redes sociais, como Twitter e Telegram, e vieram à tona devido a investigações jornalísticas na sexta-feira 7.

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    Até o momento, pouco se sabe sobre o responsável pelo vazamento ou como alguns dos segredos mais bem guardados do país acabaram na internet. O Departamento de Defesa ainda está analisando o assunto e tomou medidas para restringir o fluxo dos documentos altamente confidenciais, mas autoridades americanas e aliados próximos já temem que as revelações possam colocar em risco fontes sensíveis e comprometer as relações exteriores.

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    O que aconteceu?

    Os documentos apareceram online no mês passado na plataforma de mídia social Discord, de acordo com capturas de tela das postagens analisadas pela emissora americana CNN.

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    As postagens mostraram fotos de documentos amassados, colocados em cima de revistas e cercados por outros objetos aleatórios. É como se tivessem sido dobrados às pressas e enfiados em um bolso antes de serem removidos de um local seguro, segundo a investigação jornalística. Toda a papelada continha marcações classificadas, algumas ultrassecretas – o mais alto nível de classificação.

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    Não está claro quem está por trás dos vazamentos e onde, exatamente, eles se originaram.

    O que está nos documentos?

    Acredita-se que há, ao todo, 53 documentos vazados, produzidos entre meados de fevereiro e início de março deste ano. Eles contêm uma ampla gama de informações secretas – revelando como os Estados Unidos espionam aliados e adversários.

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    Alguns dos documentos, que autoridades americanas dizem ser autênticos, expõem a extensão da espionagem de Washington contra aliados importantes, incluindo Coreia do Sul, Israel e Ucrânia. Outros revelam até que ponto os Estados Unidos penetraram no Ministério da Defesa russo e na empresa mercenária russa Grupo Wagner, em grande parte por meio de comunicações interceptadas e fontes humanas, que agora podem estar em perigo.

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    Além disso, os papéis ainda detalham as principais fraquezas do exército ucraniano, incluindo limitações da defesa aérea e tamanho de batalhões em áreas sensíveis. O vazamento é particularmente preocupante agora que a Ucrânia se prepara para lançar uma contra-ofensiva contra os russos, e algumas autoridades do país afirmaram que tiveram que mudar planos por causa dos dados revelados.

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    Um dos documentos de fevereiro era intitulado “Rússia-Ucrânia: batalha pela região de Donbas provavelmente caminhando para um impasse ao longo de 2023”. O documento observa os desafios de avaliar a “resistência das operações da Ucrânia”.

    Um documento mostrou que os Estados Unidos têm espionado o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Isso não é surpreendente, disseram altos funcionários do governo do país, mas as autoridades ucranianas estão frustradas.

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    O relatório de inteligência dos Estados Unidos, que tem como fonte a inteligência de sinais – comunicações interceptadas de sistemas eletrônicos –, afirmou que Zelensky no final de fevereiro “sugeriu atacar o Oblast de Rostov, na Rússia” usando veículos aéreos não tripulados, já que a Ucrânia não possui armas de longo alcance capazes de chegar tão longe.

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    Ainda outro documento descreve, com detalhes notáveis, uma conversa entre dois altos funcionários sul-coreanos sobre as preocupações do Conselho de Segurança Nacional do país em relação a um pedido de munição dos Estados Unidos, para enviá-la à Ucrânia. Segundo as autoridades, acatar ao pedido violaria a política da Coreia do Sul de não fornecer ajuda letal a países em guerra.

    O documento já gerou polêmica em Seul. Funcionários do governo disseram a repórteres que planejam levantar a questão com Washington.

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    Um registro sobre Israel, entretanto, gerou mal estar em Jerusalém. Produzido pela CIA e obtido da inteligência de sinais, o relatório diz que a principal agência de inteligência de Israel, o Mossad, encorajou protestos contra o novo governo do país – “incluindo vários apelos explícitos à ação”, alega.

    Como os aliados dos EUA estão reagindo?

    Embora os aliados dos Estados Unidos saibam que a coleta informações sobre nações amigas é de praxe, diplomatas consideram prejudicial à reputação de Washington que essas informações venham à tona.

    Funcionários do governo dos Estados Unidos “estão se envolvendo com aliados e parceiros em altos níveis sobre isso, inclusive para tranquilizá-los de nosso compromisso em proteger a inteligência e a fidelidade de garantir nossas parcerias” após o vazamento, disse o vice-porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, na segunda-feira 10.

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    Mykhailo Podolyak, assessor do chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia, disse em seu canal Telegram na sexta-feira 7 que acredita que os documentos divulgados não são autênticos, “não têm nada a ver com os planos reais da Ucrânia” e são baseados em “ uma grande quantidade de informações fictícias” divulgadas pela Rússia.

    Quem está investigando o vazamento?

    O Departamento de Justiça já iniciou uma investigação e o Departamento de Defesa também está analisando o assunto.

    “O Departamento de Defesa continua revisando e avaliando a validade dos documentos fotografados que circulam em sites de mídia social e que parecem conter material sensível e ultrassecreto”, disse a vice-secretária de imprensa do Pentágono, Sabrina Singh, em um comunicado no fim de semana. “Estamos focados em avaliar o impacto que esses documentos fotografados poderiam ter na segurança nacional dos Estados Unidos e em nossos aliados e parceiros.”

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    O Estado-Maior Conjunto, liderança mais sênior do Departamento de Defesa que assessora o presidente, está examinando suas listas de distribuição para ver quem recebe esses relatórios. Muitos dos documentos tinham marcas indicando que foram produzidos pelo braço de inteligência do Estado-Maior Conjunto, conhecido como J2.

    A equipe do Pentágono que trabalha para determinar a escala e o escopo do vazamento inclui autoridades legislativas, de inteligência e segurança e escritórios conjuntos do Departamento de Defesa. No entanto, o coordenador do Conselho de Segurança Nacional para Comunicações Estratégicas, John Kirby, disse que ainda não há desfecho à vista.

    “Não estou ciente de que há qualquer conclusão neste ponto sobre de onde [os vazamentos] vêm”, disse Kirby. Ele acrescentou que “realmente não sabemos” se mais documentos podem vir à tona, ou se há alguma ameaça em andamento.

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