O domingão de Hugo Chávez
Presidente venezuelano dá um show de populismo e mentira na hora de votar
“É estranho que alguns analistas digam que estou balançando e sem apoio popular. Então convoquem um revogatório. Busquem as assinaturas no lugar de esperar que Chávez parta em um raio”
CARACAS – O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, votou neste domingo, em Caracas, dando um show de mistificação de si mesmo e da política de seu país. O caudilho festejou a alta participação nas eleições legislativas e disse acreditar na “voz do povo” para manter sua ampla maioria no Congresso. “Este povo está dando uma lição. O povo está falando e estou certo de que a voz do povo será ouvida”, disse. Chávez votou no bairro popular 23 de Janeiro, bastião da esquerda venezuelana, acompanhado de duas filhas e de dois netos. “O que queremos aqui é democracia e participação”, disse Chávez, comemorando a “transparência” e a “eficiência” do sistema eleitoral venezuelano. Segundo Chávez, a participação poderá chegar a 70% do eleitorado de mais de 17,5 milhões de venezuelanos.
Estão em jogo 165 cadeiras de deputados da Assembleia Nacional, dominada desde 2005 pelo chavismo. “Há grandes filas desde a madrugada. Convido todos a votar. Isto é rápido, as filas andam rápido”.
Chávez lembrou que antes de chegar ao poder, em 1998, a abstenção podia chegar a 80%, “já que os pobres não votavam”. Eleito pela primeira vez em 1998, o presidente tentará um terceiro mandato em 2012. E desafiou a oposição a convocar um referendo para tirá-lo do poder. “É estranho que alguns analistas digam que estou balançando e sem apoio popular. Então convoquem um revogatório. Busquem as assinaturas no lugar de esperar que Chávez parta em um raio”.
Na continuação de seu discurso ‘bolivariano’, o presidente venezuelano referiu-se ao Brasil como um bom exemplo. “A coisa vai bem no Brasil. Há bons ventos por lá e faltam apenas alguns dias para a eleição”, disse, para em seguida fazer elogios rasgados ao presidente Lula. “Ele parte da presidência do Brasil com 80% de apoio do povo brasileiro, e quem chega terá igualzinho 80% para continuar governando o Brasil pelo mesmo caminho, criando a união sul-americana e a libertação do nosso povo”, disse Chávez. “Na América do Sul acendem-se as luzes da esperança, e não vamos permitir que sejam apagadas por mais impérios, por mais ameaças, por mais lacaios que haja em todos os povos”, advertiu.
Finalmente, o presidente venezuelano afirmou que a Venezuela é hoje o “epicentro de uma batalha”. “Todo nosso processo chama poderosamente a atenção do mundo, porque aqui está se desenvolvendo uma verdadeira revolução, um ensaio apaixonante”.
(Com AFP)