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Número de palestinos mortos na guerra supera 40 mil, diz Ministério da Saúde de Gaza

Marco sombrio ocorre em um momento particularmente imprevisível do conflito, em que cessar-fogo parece improvável

Por Da Redação
15 ago 2024, 09h07

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que é controlado pelo braço político do Hamas, afirmou nesta quinta-feira, 15, que mais de 40 mil palestinos foram mortos no enclave durante a guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino, que já passou de 10 meses.

A pasta afirmou que 40 palestinos morreram em Gaza nas últimas 24 horas, elevando o número total de baixas desde 7 de outubro do ano passado, quando um ataque do Hamas contra comunidades do sul israelense fez eclodir o conflito, para 40.005. Isso é equivalente a cerca de uma morte a cada 55 pessoas no enclave, cuja população era estimada em 2,3 milhões antes do início dos combates. Mais de 92.401 ficaram feridos nos últimos 10 meses.

Os dados das autoridades palestinas não fazem distinção entre militantes e civis, mas está claro que a maioria dos mortos, incluindo muitas mulheres e crianças, não tem ligação com o Hamas. No mês passado, Israel disse ter eliminado mais de 14 mil terroristas em Gaza desde o início da guerra. Não houve verificações independentes dos números do Ministério da Saúde palestino, mas as Nações Unidas já afirmou considerá-los confiáveis.

Sem luz no fim do túnel

O marco de 40 mil mortes foi ultrapassado em um momento particularmente imprevisível do conflito. Nesta quinta-feira começa uma nova rodada de negociações para um cessar-fogo em Gaza, mas elas devem ser contaminadas pelos assassinatos perpetrados por Israel de figuras importantes do Hamas e da milícia libanesa Hezbollah, aliada do grupo palestino. Ambos tiveram que trocar suas lideranças, o que pode dificultar as tratativas.

Além disso, o último fim de semana foi particularmente fatal na Faixa de Gaza. Pelo menos 93 pessoas foram mortas durante a noite de sábado 10, quando um ataque israelense atingiu uma escola no leste da Cidade de Gaza, que abrigava palestinos que precisaram deixar suas casas durante a guerra. As Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram que atingiram o complexo, mas justificaram que o local era usado pelo Hamas para planejar ataques e disseram que “pelo menos 19 terroristas foram eliminados” no ataque.

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O incidente foi condenado pela comunidade internacional, inclusive por alguns dos aliados mais próximos de Israel.

Cessar-fogo insólito

Israel iniciou a guerra contra o Hamas após o grupo terrorista invadir o sul do país em 7 de outubro, matando mais de 1.200 israelenses e fazendo 250 reféns. Mais de 100 deles permanecem em cativeiro em Gaza, suas famílias implorando para garantir seu retorno seguro.

As esperanças de um acordo de cessar-fogo que envolva a libertação dos reféns diminuíram nas últimas semanas, depois que Israel assassinou o vice-comandante do Hezbollah, Fuad Shukr, com um ataque aéreo a Beirute, e o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, com uma bomba plantada na capital iraniana, Teerã.

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O Hamas disse que não participaria da nova rodada de negociações por enquanto, apesar de indicações de que o novo líder político do grupo, Yahya Sinwar, que é mais radical que Haniyeh, seria favorável a um acordo. De acordo com fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters e pela emissora americana CNN, a organização palestina espera “uma resposta mais séria” de Israel para voltar a se envolver nas tratativas, além de rejeitar quaisquer novas exigências. O grupo deseja retomar as conversas de onde pararam, com base no acordo já aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU e pela comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos.

Por isso, a pressão internacional está recaindo sobre Benjamin Netanyahu. Críticas contra o primeiro-ministro israelense aumentaram nas últimas semanas. A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Presidência, Kamala Harris, disse no último sábado que civis “demais” foram mortos em Gaza e que um acordo “precisa ser feito agora”.

Em paralelo, ele também sofre pressão interna. O Fórum de Famílias dos Reféns e Desaparecidos, uma voz poderosa em Israel, tem pedido com veemência há meses que Israel e Hamas finalizem as negociações.

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“Um acordo é o único caminho para trazer todos os reféns para casa. O tempo está se esgotando. Os reféns não têm mais nada a perder. Um acordo deve ser assinado agora!”, disse o fórum em uma declaração na semana passada.

Catástrofe humanitária

Um cessar-fogo também daria alívio para os aproximadamente 2,3 milhões de palestinos que vivem um pesadelo em Gaza.

Quase toda a população foi deslocada no conflito, obrigadas a fugir diversas vezes de acordo com as movimentações da operação militar israelense.

Nos últimos dias, cerca de 75 mil pessoas foram para o sudoeste de Gaza após ordens de Israel, de acordo com Philippe Lazzarini, chefe da principal agência da ONU no enclave, a UNRWA. Menos de um sexto da área total da Faixa de Gaza não está sob ordens de evacuação dos israelenses, disse ele.

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