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Número de desertores do exército russo na Ucrânia é maior que se pensava

Levantamento divulgado pela agência Associated Press contabilizou, pela primeira vez, os militares 'AWOL' da Rússia (abreviação de 'ausentes sem licença')

Por Amanda Péchy
Atualizado em 8 Maio 2024, 13h20 - Publicado em 12 abr 2024, 09h43

Quando o governo do presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma nova mobilização militar no final de 2022, viralizaram cenas de filas quilométricas de carros nos postos de fronteira da Rússia com a Geórgia e a Finlândia, além de ter sido registrada uma notável disparada no preço das passagens para destinos que ainda recebiam voos vindos do território russo – como Istambul, Belgrado e Dubai. Tudo indicava que os cidadãos do país estavam tentando fugir da convocação.

Nesta sexta-feira, 12, a agência de notícias Associated Press publicou o primeiro levantamento sobre os milhares de soldados russos que decidiram escapar da mobilização, ou desertaram do exército, no contexto da guerra na Ucrânia. A maioria deles, segundo a pesquisa, permanece escondida enquanto aguarda o desfecho de pedidos de refúgio em países ocidentais como a Alemanha, a França e os Estados Unidos.

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Dados inéditos

Desde setembro de 2022, o veículo de comunicação russo Mediazona, considerado independente ao contrário da grande maioria dos jornais do país, documentou mais de 7.300 casos em tribunais russos contra soldados “AWOL” (sigla de “absent without leave”, ou “ausente sem licença”). Os casos de deserção – a acusação mais dura – aumentaram seis vezes no ano passado em comparação a 2022.

Enquanto isso, na Geórgia, vizinha da Rússia, o grupo ativista Idite Lesom (traduzido para algo como “Dá o Fora”), disse que um número recorde de russos que desejavam evitar o serviço militar – mais de 500 – entrou em contato com eles nos primeiros dois meses deste ano. Desde o início do conflito na Ucrânia, o grupo apoiou mais de 26 mil russos a driblar a mobilização e ajudou mais de 520 soldados em serviço ativo a desertar. O número é pequeno em comparação com o efetivo total das tropas russas, mas ainda significativo, considerando que na Rússia é crime opor-se à guerra.

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“Obviamente, a propaganda russa está a tentando vender-nos a história de que toda a Rússia apoia Putin e a sua guerra”, disse Grigory Sverdlin, o chefe do Idite Lesom, à Associated Press. “Mas isso não é verdade.”

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Pedidos de refúgio

Embora o número de pedidos de asilo por parte de cidadãos da Rússia tenham aumentado, a realidade é que poucos conseguem obter proteção. Muitos governos continuam divididos sobre conceder refúgio, porque não sabem se devem considerar pessoas russas em exílio como potenciais ativos contra Putin, ou como um risco para a sua segurança nacional.

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Menos de 300 russos obtiveram o estatuto de refugiado nos Estados Unidos no ano fiscal de 2022, enquanto menos de 10% das 5.246 pessoas cujas solicitações foram processadas no ano passado na Alemanha conquistaram algum tipo de proteção. Na França, os pedidos de asilo vindo de russos aumentaram mais de 50% entre 2022 e 2023, para um total de cerca de 3.400 pessoas, mas, como nos outros destinos, uma porcentagem ínfima obteve sucesso.

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