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O que a ‘mobilização parcial’ de Putin significa para o Exército da Rússia

Em discurso à nação nesta quarta-feira, presidente anunciou que 300.000 militares reservistas serão convocados para a guerra na Ucrânia

Por Matheus Deccache Atualizado em 21 set 2022, 19h51 - Publicado em 21 set 2022, 16h41

O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou nesta quarta-feira, 21, a primeira grande mobilização militar do país desde a Segunda Guerra Mundial, após sofrer uma série de derrotas militares na guerra da Ucrânia

A convocação, que está sendo oficialmente descrita como parcial, envolve 300.000 militares da reserva de todos os cantos do país durante os próximos meses. De acordo com o Ministério de Defesa russo, uma eventual mobilização completa corresponderia a uma vasta força de mais de 25 milhões de pessoas. 

+ Após reveses na guerra, Putin convoca mais 300.000 soldados para exército

A medida prevê que homens e mulheres entre 18 e 60 anos podem ser convocados para servir dependendo de sua classificação e corresponde ao pedido feito há meses por nacionalistas russos de que o Exército nacional precisa de uma nova injeção de tropas para dar um novo ânimo ao conflito. 

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Entenda, a seguir, os principais pontos do plano de mobilização da Rússia para tentar mudar os rumos do confronto, que completa sete meses no próximo sábado, 24. Segundo o Kremlin, uma parte da estratégia foi estabelecida por meio de um decreto assinado por Putin, enquanto outras foram elaboradas por ele próprio em conjunto com o Ministério da Defesa.

  • A medida prevê a convocação imediata de 300.000 reservistas militares que já serviram no Exército russo anteriormente, tendo experiência de combate ou habilidades especializadas. Estudantes ou jovens que estão completando o serviço militar obrigatório de 12 meses não estão incluídos.
  • O objetivo principal das Forças Armadas é recrutar reservistas que tenham feito trabalhos específicos e especializados no Exército no passado, como motoristas de tanques e atiradores de elite. No entanto, a lista exata de especialidades procuradas é confidencial, uma vez que ela mostra onde a Rússia mais sofre com falta de pessoal.
  • Críticos da norma apontam que alguns detalhes sobre quem será ou não convocado foram deixados vagos de maneira proposital de modo a dar mais liberdade às autoridades na hora de implementá-la. Além disso, não há menção oficial ao número de 300.000 no documento – o número foi dito pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu, em entrevista à emissora de televisão estatal.
  • De acordo com Shoigu, a principal tarefa dos reservistas será reforçar a linha de frente na Ucrânia, que conta atualmente com mais de 1.000 quilômetros de extensão.
  • Os militares escolhidos não poderão ser enviados diretamente para o território ucraniano. Antes, eles deverão passar por um treinamento para se familiarizar com a maneira com a qual a Rússia está lidando com a guerra. Analistas apontam que poderá levar meses até que eles entrem em combate.
  • Os soldados profissionais conhecidos como ‘kontrakt niki’ que estão atualmente servindo nas Forças Armadas terão seus contratos prorrogados automaticamente até que as autoridades decidam encerrar o período de mobilização temporária. Desse modo, ficou muito mais difícil para os profissionais desistirem.
  • Aqueles que forem convocados poderão ser liberados por motivos de idade, “queixas de saúde válidas” confirmadas por uma comissão médico-militar ou por terem sido condenados à prisão. Já aqueles que trabalham na indústria poderão adiar o serviço.
  • Um dia antes do anúncio, o Parlamento russo aprovou um projeto de lei para endurecer a pena para crimes como deserção, danos à propriedade militar e insubordinação, com a rendição voluntária se tornando crime punível com 10 anos de prisão.
  • Os reservistas receberão pagamentos equivalentes aos de soldados profissionais em tempo integral, valor muito acima da média salarial russa. A medida visa tornar a mobilização mais atrativa principalmente para aqueles que vivem em regiões rurais.
  • Analistas militares do Ocidente questionam se a Rússia tem equipamentos militares suficientes para todos os 300.000 convocados, mesmo Moscou tendo dito que sim. Além disso, a maioria deles acredita que a mobilização ocorreu tarde demais para mudar o curso da guerra, enquanto outros acreditam que ela pode trazer ganhos significativos para o país.

 

O anúncio da convocação parece ter deixado em pânico a população russa. Nesta quarta-feira, o número de passagens compradas para voos só de ida para fora da Rússia aumentou vertiginosamente, enquanto há relatos não verificados de homens sendo capturados por militares nas fronteiras do país. 

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+ Russos tentam deixar o país depois de Putin convocar reservistas

Além disso, alguns protestos já começaram a acontecer em algumas cidades, o que é proibido por lei. O Vesna, Movimento Democrático Juvenil com sede em São Petersburgo, no entanto, pediu ao povo que continue as manifestações. 

“Esta mobilização significa que milhares de homens russos serão jogados no moedor de carne da guerra. Agora a guerra realmente chegará a todos os lares e famílias”, disse o Vesna em comunicado. 

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