Nesta sexta-feira, 23, foi encerrada a cúpula do clima, evento virtual organizado pelo governo dos Estados Unidos. Mais de 40 líderes mundiais compareceram à reunião. Em seu balanço da cúpula, o presidente democrata Joe Biden classificou como “encorajadores” os anúncios feitos por Jair Bolsonaro sobre o comprometimento de seu governo com o meio ambiente.
“Ouvimos notícias encorajadoras anunciadas da Argentina, do Brasil, da África do Sul e da Coreia do Sul”, disse o americano. Biden ressaltou, porém, que “os compromissos que nós fizemos precisam se tornar realidade”.
“Precisamos implementar esses compromissos, acelerá-los e investir a fim de alcançá-los. E nós precisamos trabalhar juntos novamente para construir um futuro de energia limpa que gera bons empregos e supera a ameaça das mudanças climáticas”, disse.
Bolsonaro discursou na quinta-feira, 22, e, pressionado pelo governo americano, se comprometeu com as ações necessárias para zerar até 2050 as emissões dos gases de efeito estufa e acabar com o desmatamento ilegal até 2030.
“Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais do governo, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização”, afirmou Bolsonaro, em uma clara mudança de tom diante das cobranças internacionais por maior colaboração.
Para especialistas em meio ambiente e sustentabilidade, porém, a fala não foi coerente com as políticas internas do chefe de Estado desde o início de seu mandato e faltou apresentar iniciativas concretas do governo federal para concretizar as metas.
“Ele fez um discurso diplomático, que não trouxe novidades reais em termos de metas ambiciosas”, avalia Izabella Teixeira, bióloga e ex-ministra do Meio Ambiente entre 2010 a 2016.