Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, foi indiciado nos Estados Unidos nesta quinta-feira, 26, por liderar uma “conspiração de narcoterrorismo” e por tráfico de cocaína. Promotores federais americanos disseram que ele comandava um violento cartel de drogas enquanto ganhava poder no país.
Segundo a acusação, o objetivo do cartel de Maduro era “‘inundar’ os Estados Unidos com cocaína e infligir os efeitos nocivos e viciantes da droga aos usuários do país”. Maduro também teria negociado remessas de toneladas da droga produzidas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), organização paramilitar de guerrilha, fornecendo armamento militar ao grupo e facilitando “o tráfico de drogas em larga escala”.
O jornal americano The New York Times reporta que Departamento de Estado está oferecendo recompensa de até 15 milhões de dólares por informações que levem à captura ou condenação de Maduro, que permanece na Venezuela como chefe do Poder Executivo, amparado pelos militares.
A acusação faz parte da escalada da campanha do governo do presidente Donald Trump para pressionar o líder venezuelano a deixar o cargo, após a sua reeleição amplamente contestada de 2018 e sua posse em janeiro de 2019. Há um mês, durante o Discurso sobre o Estado da União, o americano chamou Maduro de “governante ilegítimo, um tirano que brutaliza seu povo” e prometeu que “seu controle sobre a tirania será esmagado e quebrado”.
Contudo, mesmo que o presidente da Venezuela seja condenado à revelia (ou seja, sem sua presença no julgamento), nada tenderá a acontecer – a menos que ele pise nos Estados Unidos, o que é, no mínimo, improvável. A acusação, anunciada pelo Procurador-Geral e secretário de Justiça americano, William Barr, funciona mais como uma manobra diplomática para abalar a liderança de Maduro.
Além de Maduro, também foram indiciados autoridades de seu governo e membros das Farc. Entre eles, o chefe de Justiça da Venezuela, Maikel Moreno, foi acusado de lavagem de dinheiro e o ministro da Defesa do país, de narcotráfico.
No ano passado, o ex-vice-presidente de Maduro, Tareck El Aissami, foi acusado pelos Estados Unidos de envolvimento no tráfico internacional de drogas. O Departamento do Tesouro americano também denunciou Diosdado Cabello, ex-presidente da Assembléia Nacional da Venezuela e principal aliado civil do presidente, por tráfico de entorpecentes e corrupção. Além disso, dois sobrinhos de Maduro estão presos por tráfico de drogas nos Estados Unidos.