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Netanyahu instrui Exército a preparar expulsão de palestinos de Rafah

Mais de 1,3 milhão de pessoas estão na cidade, a maioria deslocada de outras partes de Gaza, de acordo com as Nações Unidas

Por Da Redação
Atualizado em 9 fev 2024, 13h38 - Publicado em 9 fev 2024, 12h22

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, instruiu o Exército a planejar a “retirada da população” de Rafah, afirmou seu gabinete nesta sexta-feira, 9. Mais de 1,3 milhão de pessoas estão na cidade, a maioria deslocada de outras partes de Gaza, de acordo com as Nações Unidas.

Durante a quinta-feira, a cidade, que fica no sul da Faixa de Gaza, foi bombardeada, em meio a alertas de agências de ajuda humanitária de que a catástrofe humanitária vai se intensificar caso Israel decida de fato seguir em frente com o avanço sobre uma das últimas áreas do território palestino que ainda não foram ocupadas durante a ofensiva israelense.

Em comunicado nesta sexta-feira, o gabinete de Netanyahu disse não ser possível eliminar o grupo militante palestino Hamas e deixar “quatro batalhões do Hamas em Rafah”.

+ Netanyahu rejeita contraproposta do Hamas para cessar-fogo em Gaza

“Por outro lado, é claro que uma operação em larga escala em Rafah exige a retirada da população civil de zonas de combate”, diz o documento. “É por isso que o primeiro-ministro instruiu as forças de defesa de Israel e os setores da Defesa a levarem a seu escritório um plano para a retirada da população e desmantelamento dos batalhões ao mesmo tempo.”

As declarações alarmaram o Egito, que afirmou que qualquer operação terrestre na área de Rafah ou deslocamento em massa através da fronteira com a região prejudicaria o seu tratado de paz de quarenta anos com Israel. A fronteira entre Gaza e Egito, quase sempre fechada, é também o principal ponto de entrada da ajuda humanitária.

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Moradores relatam ao menos onze vítimas após duas casas serem destruídas na quinta-feira. De acordo com uma reportagem da agência de notícias Reuters, moradores do bairro de Tel Al-Sultan choravam pela morte de seus entes queridos em frente a cadáveres dispostos sob lençóis brancos, enquanto o corpo de uma criança era transportado em uma bolsa preta. Além de Rafah, Khan Younis e Deir-Al-Balah, no centro de Gaza, também foram atacados durante a noite, o que resultou na morte de um jornalista de TV palestino, Nafez Abdel-Jawwad, e seu filho.

Estima-se que Rafah abrigue cerca de 1 milhão de pessoas em situação de emergência humanitária, com escassez de medicamentos e de alimentos. Por lá, grande parte dos recém-chegados mora em tendas improvisadas. Com a eclosão do conflito, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, decretou cerco total à Faixa de Gaza, cortando o fornecimento de energia elétrica, combustíveis e água à área.

Em meio à marca de quatro meses de embates, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, havia adiantado na quarta-feira que um ataque à cidade “aumentaria o que já é um pesadelo humanitário com consequências regionais incalculáveis”. Levantamentos da ONU calculam que quase 1,9 milhão de pessoas migraram internamente durante o conflito, especialmente em direção a Rafah, em uma tentativa de fugir dos bombardeios israelenses. Até o momento, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, registrou mais de 27 mil vítimas palestinas.

Cessar-fogo

Na quarta-feira, Netanyahu rejeitou veementemente uma contraproposta apresentada pelo Hamas para uma trégua em várias fases, depois de um encontro com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, que viajou à região na esperança de garantir um acordo de cessar-fogo.

Naquela madrugada, por meio de mediadores do Catar e do Egito, o Hamas respondeu a um plano israelense com novos termos para alcançar um fim permanente da guerra. A proposta incluiria também a troca dos reféns israelenses capturados em 7 de outubro por 1.500 prisioneiros palestinos, garantias para a reconstrução de Gaza, um plano para a retirada completa das forças israelenses do enclave e a troca de corpos e restos mortais, de acordo com um rascunho do documento visto pela agência de notícias Reuters. O plano previa três fases de trégua, de 45 dias cada.

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“Estamos a caminho de uma vitória absoluta”, disse Netanyahu, “não há outra solução”, descartando qualquer acordo que deixe o Hamas com o controle total ou parcial de Gaza.

A proposta do Hamas divulgada na quarta-feira foi uma resposta ao plano apresentado por Israel há duas semanas, depois de ser negociado com mediadores do Catar, Egito e Estados Unidos em Paris, para um cessar-fogo de seis semanas e a libertação, em fases, dos estimados 130 reféns ainda detidos em Gaza em troca de palestinos encarcerados em território israelense.

Antes mesmo da fala de Netanyahu, a mídia local, citando fontes anônimas, afirmou que as exigências eram extensas demais e receberiam um “não inicial”. Um membro do alto escalão do governo disse ao Canal 12, maior emissora do país, que os termos do Hamas significavam que os militantes “se recusam em negociar”.

Um grande ponto de discordância nas negociações é quantos e quais palestinos serão libertados em troca dos reféns israelenses.

No cessar-fogo de novembro, o único desde o início da guerra, que durou uma semana, 110 reféns foram libertados por 240 prisioneiros palestinos, na sua maioria mulheres e crianças detidas por delitos pequenos ou que sequer foram acusados. O Hamas quer que uma nova lista inclua, agora, militantes que cumprem penas de prisão perpétua.

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Ambos os lados culpam o outro pelo fracasso em fazer um novo acordo de cessar-fogo.

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