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Negociações com Ucrânia chegaram a ‘beco sem saída’, diz Putin

Fala de presidente segue declaração de chanceler de que Moscou não interromperá 'operação militar especial' antes de próxima rodada de conversas de paz

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 abr 2022, 13h33
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  • Em sua primeira declaração pública sobre a guerra em mais de uma semana, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira, 12, que as negociações de paz com a Ucrânia chegaram a um “beco sem saída”. O motivo, segundo ele, seria o fato de que Kiev mudou as posições que havia apresentado em encontro com negociadores russos em 29 de março, em Istambul.

    “Chegamos mais uma vez a um beco sem saída para nós”, declarou o presidente. Recentemente, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, já havia afirmado que as negociações seguem “mais lentas do que gostaríamos”.

    A fala de Putin também segue uma declaração na segunda-feira do chanceler russo, Sergei Lavrov, de que Moscou não interromperá o que chama de “operação militar especial” antes da próxima rodada de negociações de paz.

    + Putin diz que invasão à Ucrânia tem ‘objetivos nobres’

    Durante a primeira rodada de negociações, Putin ordenou que as ações militares fossem suspensas parcialmente. Mas sua posição mudou desde então, segundo o ministro das Relações Exteriores.

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    “Depois que entendemos que os ucranianos não planejavam revidar [as empreitadas], foi tomada a decisão de que, durante as próximas rodadas de negociações, não haveria pausa enquanto um acordo final não fosse alcançado”, afirmou Lavrov em entrevista à TV estatal russa.

    Para Putin, sem um acordo, “a operação militar continuará” e Kiev descarrilou as conversas de paz ao protagonizar o que disse ser alegações falsas de crimes de guerra.

    Em resposta, Mikhail Podolyak, negociador-chefe ucraniano e assessor da Presidência, afirmou que as negociações são “muito duras”, mas seguem vivas, e que as declarações do presidente russo são uma tentativa de pressão e intimidação.

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    As exigências de Moscou para encerrar a invasão ao país vizinho foram explicitadas recentemente quando o porta-voz Dmitry Peskov listou as condições para que a Rússia interrompa suas operações militares na Ucrânia. Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.

    Na segunda-feira, 11, o governo russo culpou Estados Unidos e Reino Unido por ajudarem Kiev a preparar “falsas alegações sobre supostos crimes de guerra”, de modo a difamar o país perante a comunidade internacional. Desde que as tropas russas deixaram as regiões no entorno da capital, Kiev, os ucranianos, assim como veículos independentes da mídia internacional, têm divulgado imagens que mostram cadáveres de civis que teriam sido mortos pelo Exército russo ao longo da ocupação. 

    Em Bucha, ao norte de Kiev, autoridades ucranianas disseram ter encontrado centenas de civis mortos em valas comuns e nas ruas da cidade. Segundo o governo local e de acordo com imagens difundidas por veículos internacionais, os corpos apresentavam sinais de terem sido sumariamente executados. As vítimas estariam trajando roupas civis e muitas estavam com as mãos atadas.

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    O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh), que está revisando vídeos e materiais recebidos sobre a situação na cidade, declarou que análises preliminares “parecem sugerir” um assassinato de civis de forma deliberada, de acordo com a porta-voz Liz Throssell.

    Os casos, sobretudo o de Bucha, colocaram ainda mais pressão sobre as negociações. A Ucrânia agora busca reunir provas de possíveis crimes de guerra cometidos pelas forças russas, como em Buzova, nos arredores de Kiev e ocupava há semanas. Segundo Anton Gerashchenko, assessor do Ministério do Interior do país, foi encontrada uma cova com corpos de civis na região. Ele não indicou quantas vítimas teriam sido enterradas no local, nem precisou exatamente o local do achado.

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