Um navio da organização não-governamental alemã Lifeline com 233 imigrantes a bordo chegou nesta quarta-feira (27) ao porto de La Valeta, em Malta, depois de permanecer seis dias ancorado no Mar Mediterrâneo à espera de que algum país permitisse o desembarque dos resgatados.
A embarcação chegou lentamente ao porto da capital de Malta. Segundo a imprensa local, os imigrantes estavam amontoados em seu convés. O navio atracou às 19h38 locais (14h38 em Brasília) no porto, onde equipes da defesa civil do país e outras autoridades esperavam o desembarque dos refugiados.
O primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, anunciou hoje que permitiu a atracagem do navio da Lifeline depois que um acordo foi alcançado para distribuir os refugiados entre oito países da União Europeia (UE) – Malta, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, França, Bélgica e Holanda.
O pacto, porém, diz que “os [imigrantes] que não cumprirem com os requisitos para a solicitação de asilo” não serão acolhidos.
Além disso, Muscat indicou que o navio será imobilizado e haverá uma investigação para comprovar se ocorreram irregularidades. A apuração busca esclarecer se o capitão do barco agiu corretamente ao dar a ordem de salvar as pessoas no mar, apesar de a guarda costeira italiana ter solicitado que ele não interviesse porque a guarda costeira líbia se encarregaria do socorro.
Além disso, a embarcação exibia uma bandeira holandesa. Segundo o governo desse país, o navio não tinha permissão para hasteá-la.
O resgate aconteceu em 21 de junho, e a embarcação permaneceu à espera em alto-mar, às vezes enfrentando duras condições meteorológicas, pois Malta e Itália se negavam a assumir responsabilidade pela situação.
O novo governo italiano, formado pela coalizão do Movimento Cinco Estrelas (M5S) com o partido de extrema-direita Liga (antigo Liga Norte), se recusa a receber os imigrantes que forem salvos pelos navios de ONGs e acusa essas organizações de fomentarem a imigração irregular, com sua presença em águas internacionais em frente à costa da Líbia.
Resgate
A guarda costeira da Líbia interceptou mais 200 pessoas que navegavam em águas internacionais em embarcações precárias nesta quarta-feira, afirmou o porta-voz da marinha do país norte-africano, Ayoub Qasim.
Segundo Qasim, os imigrantes foram localizados a 25 milhas da cidade de Qarabuli, um dos núcleos de tráfico humano no Mediterrâneo central. Eles procediam de diferentes países africanos.
O elevado número de náufragos e as dificuldades de acesso à região complicaram a operação, acrescentou Qasim, que não ofereceu mais detalhes.
As praias que se estendem entre Trípoli e a fronteira com a Tunísia se transformaram no principal bastião das máfias que traficam seres humanos nos últimos dois anos, apesar da presença de navios-patrulha europeus.
Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 171.635 imigrantes irregulares conseguiram atravessar o Mediterrâneo para a Europa em 2017, enquanto 3.116 desapareceram no mar.
A mesma organização, vinculada às Nações Unidas, afirmou que, ao longo deste ano, outras 16.394 pessoas conseguiram atravessar o Mediterrâneo apenas pela chamada “rota central”, que parte da Líbia, e 635 morreram afogadas.
Apenas na segunda-feira, a guarda costeira líbia interceptou cerca de mil imigrantes em frente ao litoral oeste do país.
(Com EFE)