Condenado a cinco anos de prisão por roubo e fraude em um julgamento bastante contestado até na Rússia, o líder opositor Alexei Navalny ganhou nesta sexta-feira o direito de aguardar em liberdade o julgamento do recurso contra a sentença. A decisão foi tomada por um juiz de Kirov, que atendeu o pedido dos advogados do ativista e blogueiro anticorrupção, que se tornou o maior nome da oposição ao presidente Vladimir Putin, de quem Nalvany é um dos maiores críticos. Nalvany foi libertado nesta sexta-feira após pagar fiança.
A concessão de liberdade provisória ao dirigente opositor foi aplaudida pelo público que acompanhava a audiência no tribunal em Kirov, a 900 quilômetros de Moscou. Desde a noite de quinta, manifestantes protestavam contra a condenação de Navalny em diferentes cidades do país, como São Petersburgo, Saratov, Yekaterimburgo, Cheliabinsk, Magnitogorsk, Pskov, Tomsk, Izhevsk e Novosibirsk. Em Moscou, a polícia russa deteve cerca de 200 pessoas no centro da cidade. Segundo a oposição, 10 000 pessoas participaram da manifestação na capital russa.
“O número exato de detidos será oferecido pela polícia. Trata-se de cerca de 200 pessoas que tentaram bloquear as ruas e não atenderam às chamadas dos agentes policiais”, afirmou o chefe de polícia Alexei Mayorov à agência de notícias russa Interfax. Segundo ele, as forças policiais atuaram de maneira “impecável”, pois “procederam somente contra as ações ilegais de pessoas que realizavam uma manifestação não autorizada”.
Montagem – Provável candidato à Prefeitura de Moscou até agora, Navalny e seus partidários afrimam que o julgamento foi uma montagem do Kremlin e uma resposta aos vários casos de corrupção na administração pública denunciados por ele, que foi um dos organizadores, em dezembro de 2011, dos maiores protestos antigovernamentais desde a queda da União Soviética. A pena, segundo os oposicionistas, comprova que Putin governa pela repressão.
Durante o julgamento, os promotores pediram uma condenação de seis anos para Navalny, sob a acusação de organizar um esquema para roubar pelo menos 16 milhões de rublos (494.400 dólares) de uma empresa madeireira local quando ele estava aconselhando o governador da região de Kirov, em 2009. Mas mesmo a sentença de cinco anos significa que ele não poderá disputar a próxima eleição presidencial em 2018 ou concorrer à Prefeitura de Moscou, em setembro, como ele havia planejado.
A sentença foi criticada pela União Europeia e pelo embaixador dos Estados Unidos, além dos governos alemão e francês, e também pelas organizações Anistia Internacional e Human Rights Watch. A UE afirmou que as acusações de desvio de fundos não foram confirmadas e considerou que levanta sérias preocupações sobre o estado de direito na Rússia.
(Com agência EFE)