Milhares de chineses foram assistir à condenação de dez pessoas à morte em um estádio na cidade de Lufeng, ao sul da China. Os condenados foram executados imediatamente após a sentença, mas longe dos olhos do público. Este não é o primeiro julgamento público na cidade.
Dias antes do evento, que aconteceu no último dia 16, a população de Lufeng, cidade a 160 quilômetros ao sul de Hong Kong, foi convidada a assistir às sentenças por meio das redes sociais. Dos dez executados, sete eram acusados de envolvimento com tráfico de drogas, os outros três de roubo e assassinato.
De acordo com a imprensa local, foram doze pessoas julgadas naquele dia, sendo as dez sentenciadas à morte. Em um vídeo divulgado pela mídia, é possível ver os criminosos sendo levados um a um na carroceria das viaturas da polícia, cada um escoltado por quatro policiais. A população assistiu ao desfile das viaturas das arquibancadas e do centro do estádio. Segundo repórteres locais, crianças vestindo uniforme escolar estavam entre os espectadores.
A China é o país que mais condena pessoas à morte no mundo, tendo um saldo maior do que todos os outros países juntos. Apesar de os números oficiais não serem revelados, pois são considerados segredo de Estado, a ONG de direitos humanos Dui Hua Foundation estima que 2.000 pessoas tenham sido sentenciadas no último ano.
Condenações públicas não são muito comuns no país, mas têm aumentado na cidade de Lufeng. Elas eram comuns no início da República Popular da China, quando capitalistas eram sentenciados em público. No entanto, outros dois julgamentos já aconteceram na cidade em um intervalo de seis meses. Em um, três traficantes foram condenados em frente a 1.000 pessoas e em outro, treze foram condenados perante mais de 10.000 pessoas.
Lufeng já enfrentou um grande problema com drogas, principalmente metanfetamina, o que rende à cidade o apelido de “Vila Breaking Bad”. Em 2014, cerca de 3.000 policiais participaram uma ação que prendeu 184 pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico. Foram confiscadas três toneladas de metanfetamina cristalina, o que as autoridades na época afirmaram ser um terço de toda metanfetamina chinesa.