O magnata das comunicações Rupert Murdoch pediu publicamente desculpas pelo dano causado às pessoas afetadas pelas escutas telefônicas ilegais patrocinadas pelo tabloide britânico News of the World, que faz parte de seu conglomerado News Corp. O pedido de desculpas será publicado oficialmente pela imprensa britânica em um anúncio neste final de semana, mas o seu conteúdo foi antecipado nesta sexta-feira.
“Sentimos muito. O News of the World se dedicava a cobrar os outros e falhou quando se tratava de si mesmo”, diz Murdoch no anúncio, acrescentando que “desculpar-se não é suficiente”. Ele também pede desculpas por não ter agido de forma mais rápida para resolver a crise. E acrescenta ainda que as ações do tabloide não condizem com o padrão estabelecido por seu pai e que a News Corp. foi fundado com a ideia de que “uma imprensa livre e aberta deveria ser uma força do bem na sociedade”.
Encontro – Também nesta sexta-feira, o magnata se reuniu com a família da menina Milly Dowler, que foi assassinada em 2002 e teve seu celular grampeado enquanto ainda estava desaparecida por um detetive contratado por jornalistas do News of the World. O detetive chegou a deletar mensagens do celular da menina, o que confundiu a polícia e deu falsas esperanças à família Dowler. O caso revoltou os britânicos e foi o estopim da crise do tabloide, que já se arrastava desde 2006.
De acordo com o advogado da família, Mark Lewis, Murdoch foi “muito humilde” e estava “muito abalado” durante o encontro privado em um hotel de Londres. Ele disse ainda que o magnata se desculpou “inúmeras vezes” aos Dowlers. “Como fundador da companhia, eu fiquei horrorizado quando descobri o que aconteceu”, disse Murdoch à rede britânica BBC ao sair do encontro.
A reunião acontece logo depois que a ex-diretora do News of the World, Rebekah Brooks, pediu demissão do grupo News International devido à crescente pressão da opinião pública da Grã-Bretanha. Na próxima terça-feira, Murdoch e seu filho James deverão comparecer ao Parlamento britânico para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Caso – Em 2006, foi descoberto que o News of the World recorria a escutas telefônicas ilegais para acessar caixas postais de celulares de celebridades, vítimas de crimes e familiares de soldados com o intuito de conseguir informações com exclusividade. Nove pessoas já foram presas suspeitas de envolvimento com o caso, incluindo o ex-assessor de comunicação do premiê David Cameron, Andy Coulson, e o ex-diretor executivo do tabloide, Neil Wallis. O tabloide era o mais vendido em língua inglesa, e o escândalo provocou o seu fechamento, além da queda dos investimentos na News Corp. e o cancelamento da compra do controle do satélite de telecomunicação British Sky Broadcasting pela companhia.