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Murdoch: escutas eram prática comum, mas eu não sabia

James volta a alegar inocência em seu 2º depoimento ao Parlamento britânico

Por Da Redação
10 nov 2011, 08h42

O filho do magnata Rupert Murdoch, James, admitiu nesta quarta-feira que há evidências suficientes de que as escutas ilegais eram uma prática comum no tabloide News of the World, mas insiste que não foi informado em nenhum momento sobre o fato. Ele depôs pela segunda vez na comissão do Parlamento britânico que investiga o escândalo dos grampos telefônicos no extinto jornal. “As coisas deram errado e a companhia não soube lidar com isso rápido o suficiente. E eu sinto muito por isso. Mas posso dizer a vocês que desde que tudo veio à tona, a empresa tem trabalhado com grande zelo e diligência para melhorar os processos e garantir que isso não volte a acontecer, trabalhando com a polícia e esta comissão”, disse aos parlamentares o diretor da News International, em declarações ainda mais vagas do que na primeira vez que foi chamado a prestar esclarecimentos.

Entenda o caso

  1. • O tabloide News of the World recorria a detetives e escutas telefônicas em busca de notícias exclusivas.
  2. • Entre as vítimas dos grampos estão celebridades, políticos, membros da família real e até parentes de soldados mortos.
  3. • Policiais da Scotland Yard também teriam sido subornados para fornecer informações em primeira mão aos jornalistas.
  4. • O escândalo forçou o fechamento do jornal sensacionalista, que circulou por 168 anos e era um dos veículos do grupo News Corp., do magnata Rupert Murdoch.

Leia mais no Tema ‘Grampos na Grã-Bretanha’

Em seu depoimento anterior, em julho passado, poucos dias após o fechamento do jornal sensacionalista, James Murdoch também negou saber da existência de um e-mail que demonstrava que os grampos no News of the World não eram trabalho de apenas um repórter, mas que estavam generalizados. Contudo, outras duas testemunhas, o ex-redator do jornal Colin Myler e o ex-advogado do News International Tom Crone, asseguraram em duas ocasiões que informaram ao presidente da companhia sobre este e-mail durante uma reunião em 2008. Questionado sobre as declarações dos ex-colegas nesta quarta, James os acusou de mentir aos parlamentares.

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Ao contrário do afirmado por Crone e Myler, James disse ter tomado conhecimento do escândalo juntamente com a população. “Muitas revelações sobre o escândalo dos grampos vieram a público conforme nós tomamos conhecimento acerca delas, e algumas até foram reveladas pela própria News International. Nós temos tentado ser o mais transparente que uma companhia pode ser”, alegou. “Claramente, o uso de investigadores tem sido usado em excesso nesse mercado (de celebridades) e eu me desculpo por isso. Mas é óbvio que os funcionários da empresa não pediam permissão ao CEO cada vez que contratavam um investigador”, acrescentou.

Prejuízo – Sabendo ou não das escutas ilegais, fato é que o escândalo obrigou o fechamento do News of the World – de longe o jornal mais rentável do portfólio do magnata Rupert Murdoch -, o que lhe custou nada menos que 91 milhões de dólares (mais de 156 milhões de reais), segundo um anúncio do próprio News Corp. A empresa também teve um prejuízo de cerca de 130 milhões de dólares (224 milhões de reais) na tentativa frustrada de obter 100% da emissora via satélite BSkyB, entre outros encargos.

No início do mês, a Polícia Metropolitana britânica anunciou que 2.000 pessoas mais do que o anunciado anteriormente podem ter sido vítimas de grampos telefônicos na Grã-Bretanha. Em julho, Sue Akers, autoridade encarregada de investigar o detetive particular Glenn Mulcaire, que trabalhava para o tabloide, disse que 3.870 nomes tinham sido encontrados em seus arquivos. Agora, já são 5.795 nomes identificados em documentos apreendidos. E o número pode crescer ainda mais.

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Histórico – Em 2006, descobriu-se que o tabloide britânico News of the World recorria a detetives e escutas telefônicas ilegais para interceptar mensagens deixadas nas caixas postais de determinados celulares, no intuito de conseguir informações em primeira mão. As vítimas seriam celebridades, políticos e até membros da família real.

No início de julho de 2011, o caso ganhou novas proporções após a divulgação de que, entre os telefones espionados, estava o de uma menina assassinada, de parentes de soldados mortos no Afeganistão e no Iraque e até de vítimas do atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

Após as revelações, o premiê David Cameron prometeu uma investigação profunda sobre o caso, o FBI decidiu apurar os fatos paralelamente e o império de Rupert Murdoch, o conglomerado News Corp., ficou abalado com o escândalo e encerrou as atividades de um dos tabloides de maior sucesso da Grã-Bretanha, após 168 anos de história.

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