O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, afirmou nesta segunda-feira, 20, que fará uma viagem aos Estados Unidos e depois a Israel antes de tomar posse, em 10 de dezembro.
O político ultraliberal afirmou durante toda sua campanha ter alinhamento geopolítico com Washington e Tel Aviv, que tratou ao longo do processo eleitoral como “mundo livre”.
Por outro lado, criticou a entrada da Argentina no bloco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que reúne as economias emergentes, e chegou a prometer a retirada de seu país do Mercosul, ameaçando um altamente antecipado acordo entre o bloco econômico sul-americano com a União Europeia.
Na reta final da campanha, Milei levantou a bandeira (simbólica) de Israel em atos públicos. O país do Oriente Médio está em guerra com o Hamas desde o dia 7 de outubro, quando terroristas invadiram o sul do país, assassinaram cerca de 1.200 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram outras 240, segundo Tel Aviv.
A resposta israelense tem sido criticada pela comunidade internacional devido à questão da proporcionalidade, ou razoabilidade. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, mais de 13 mil palestinos foram mortos devido a ataques aéreos israelenses e a uma incursão por soldados no norte do território.
Amigos, pero no mucho
A vitória de Milei pode mudar a política externa do país, em especial os laços com o Brasil, seu maior parceiro comercial. Há temores de que o resultado impacte negativamente as relações com o governo do esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No último debate antes da eleição, Massa acusou seu adversário de querer romper os diálogos com Brasília. Milei rebateu dizendo que o atual presidente argentino, o esquerdista Alberto Fernández, também “não falava com o [ex-presidente Jair] Bolsonaro”.
+ Em último debate, Milei e Massa divergem sobre relação com Brasil
A participação de publicitários brasileiros ligados ao PT no Brasil – alguns dos quais participaram das campanhas presidenciais de Fernando Haddad e Lula – na campanha de Massa também ganhou destaque nos debates locais.
“Que Massa tenha que guardar esse maldito dinheiro que foi gasto nesses malditos brasileiros que vieram fazer campanha suja, pagos por Lula”, afirmou o candidato ultraliberal.
Lula, por sua vez, driblou uma declaração direta de apoio a qualquer dos candidatos, mas afirmou que o presidente da Argentina “precisa gostar de democracia” e “do Mercosul”. A alfinetada foi direcionada a Milei, acusado de representar uma ameaça à democracia e que disse repetidamente que planeja deixar o bloco econômico sul-americano.
Neste domingo, embora sem mencionar o nome de Milei, parabenizou o novo presidente argentino.