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Movimento contra consumo de carne de cachorro cresce na Coreia do Sul

Apesar de grande onda contrária ao hábito secular, ainda não há perspectivas de aprovação de lei sobre assunto

Por Da Redação
1 ago 2023, 16h49

Considerado uma prática secular da península sul-coreana, o consumo de carne de cachorro na Coreia do Sul vem ganhando cada vez menos adeptos. Apesar da prática não ser banida nem legalizada na Coreia do Sul, há cada vez mais uma quantidade considerável de pessoas que pedem pela proibição desse hábito, principalmente pela crescente conscientização pública sobre os direitos dos animais e as preocupações com a imagem internacional do país. 

Recentemente, a campanha contra o consumo de carne de cachorro ganhou um grande impulso quando a primeira-dama sul-coreana, Kim Keon Hee, expressou seu apoio à proibição e dois legisladores apresentaram projetos de lei para eliminar este comércio. 

“Os estrangeiros acham que a Coreia do Sul é uma potência cultural. Mas quanto mais a cultura aumenta sua posição internacional, maior o choque que os estrangeiros experimentam com o consumo de carne de cachorro”, afirmou um legislador da oposição que apresentou um projeto para proibir a indústria de carne de cachorro. 

As perspectivas de aprovação de uma lei contra a carne de cachorro ainda não são claras por conta de protestos de fazendeiros, donos de restaurantes e outros envolvidos na indústria de carne de cachorro. Algumas pesquisas sugerem que um em cada três sul-coreanos se opõe a tal proibição, embora a maioria das pessoas não coma mais carne de cachorro. 

A carne de cão também é consumida em outros países asiáticos como China, Vietnã, Indonésia, Coréia do Norte e algumas nações africanas, incluindo Gana, Camarões, Congo e Nigéria. No início deste mês, as autoridades anunciaram o fim do abate de cães e gatos no mercado de animais Tomohon Extreme Market na ilha de Sulawesi, na Indonésia. A medida foi aprovada depois de uma campanha de anos de ativistas locais e celebridades mundiais.

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No entanto, a indústria de carne de cachorro da Coreia do Sul recebe mais atenção internacional devido a sua reputação como uma democracia rica e ultramoderna. Além disso, é também a única nação com fazendas em escala industrial, com algumas propriedades com mais de 500 cães para o abate. 

Em uma das maiores fazendas de cães da Coreia do Sul, com mais de 7 mil cachorros, as locações, segundo a agência de notícias da Associated Press, estavam relativamente limpas, mas havia um cheiro forte em algumas áreas. Todos os cães são mantidos em gaiolas elevadas e são alimentados com restos de comida e frango moídos, além de serem raramente liberados para exercícios e vendidos para carne depois de um ano de nascimento. 

O dono do local, Kim Jong Kil, afirmou estar orgulhoso de sua fazenda de carne de cachorro, o negócio que sustentou sua família por mais de 27 anos. Porém, com a onda negativa sobre o hábito secular, Kim admitiu estar chateado com as crescentes tentativas de políticos e ativistas de proibirem a indústria.

“É mais do que apenas se sentir mal. Oponho-me absolutamente a essas medidas e mobilizaremos todos os nossos meios para resistir a isso”, comentou.

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Embora ainda haja uma indústria de carne de cachorro forte no país, atualmente tem sido mais difícil de encontrar restaurantes de carne de cachorro em Seul. Agora, há diversos fazendeiros e donos de restaurantes que enfrentam críticas de autoridades influenciados por uma opinião pública cada vez mais negativa. 

“Eu só ganho um terço do dinheiro que ganhava antes. Os jovens não vêm aqui. Só idosos doentes vêm almoçar”, afirmou o dono de restaurante de carne, Yoon Chu-wol, à AP. “Eu digo aos meus clientes idosos para virem comer minha comida com mais frequência antes que ela seja proibida”. 

O número de fazendas na Coreia do Sul tem sofrido um drástico decréscimo. Nos últimos 20 anos, a quantidade de canis para consumo caiu pela metade, com cerca de 700 mil a 1 milhão de cachorros abatidos por ano. Em 2021, o país lançou uma força-tarefa civil para considerar a proibição de carne de cachorro por sugestão do então presidente, Moon Jae-In, um amante de animais de estimação. 

O comitê, cujos membros incluem agricultores e ativistas dos direitos dos animais, já se reuniram mais de 20 vezes, no entanto, não chegaram a nenhum acordo, aparentemente devido a disputas internas e interesses pessoais.

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