Após risadas e cachorros na posse, Milei reduz ministérios pela metade
Novo presidente vai se reunir com ministros nesta segunda para decidir mudanças econômicas e deve anunciar privatizações na Argentina

Logo após sua posse neste domingo 10, Javier Milei oficializou seu primeiro decreto como presidente da Argentina: criou o DNU (Decreto Nacional de Urgência) sobre a redução de ministérios para “enxugar o Estado”, conforme anunciou em sua campanha.
Nesse sentido, ele diminuiu os ministérios pela metade, de 18 para nove. Ficaram os ministérios da Economia; da Infraestrutura; da Justiça; da Segurança; da Saúde; do Interior; de Relações Exteriores e Comércio Internacional; da Defesa e do Capital Humano — que juntará os ministérios do Desenvolvimento Social, Trabalho e Educação em um só. Milei chegou a propor o fim da pasta de Saúde, mas voltou atrás.
Os ministérios de Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inova, da Cultura, de Mulheres, Gênero e Diversidade, do Turismo e Esporte e do Desenvolvimento Territorial e Habitacional não terão espaço no novo governo da Argentina.
Prioridade em Mudanças Econômicas
Nesta segunda-feira, ele já deve se reunir com seus ministros na Casa Rosada para começar as mudanças econômicas que devem ser enviadas ao Congresso ainda essa semana e anunciadas nos próximos dias.
Milei também deve anunciar a privatização de companhias públicas como a Aerolineas Argentinas e a petroleira YPF, além de revisar planos sociais e medidas de redução de gastos públicos. No discurso de posse, ele prometeu um ajuste fiscal duro e fez questão de deixar claro que “não há dinheiro”. O novo presidente já antecipou tempos difíceis aos argentinos “para solucionar um problema de 100 anos de gastos excessivos da classe política”.
Risos com Cristina Kirchner
Milei recebeu a faixa e o bastão presidencial das mãos do ex-presidente Alberto Fernández, mas seus melhores momentos foram com Cristina Kirchner e Mauricio Macri. Vaiada na entrada, a ex-presidente argentina que chegou a mostrar o dedo do meio para as pessoas, surgiu descontraída após o discurso de Milei com quem deu muitas risadas, especialmente ao conferir o bastão do presidente eleito, com seus cinco cachorros esculpidos na ponta.
O bastão presidencial foi um capítulo à parte. Além de arrancar risadas da maior kirchnerista viva, o objeto foi uma quebra de tradição do excêntrico presidente recém empossado. Milei não usou o bastão do tradicional ourives Juan Carlos Pallarols, que confecciona o item para os chefes de Estado da Argentina há 40 anos.
Milei recebeu três opções de bastão mas preferiu levar consigo a representação de seus cinco cachorros — Conan, Murray, Milton, Robert e Lucas, frutos de uma clonagem feita nos Estados Unidos, de um cachorro morto com o qual o novo presidente garante que conversa e recebe conselhos.
Abraço a Macri
Já com Macri, ele trocou um caloroso abraço. “Parabéns, presidente Milei! Eu não tiraria uma única vírgula do seu discurso no Congresso. Não poderia concordar mais com suas palavras hoje”, disse o político em sua conta na plataforma X (antigo twitter).
Outro destaque da posse ocorreu quando Milei se dirigiu ao povo no Congresso — mais uma novidade do novo presidente, que preferiu replicar o rito dos mandatários americanos, que fazem o discurso no Legislativo e não na Casa Rosada. Ao falar sobre a crise de segurança pública, as pessoas responderam em apoio à polícia.
“Nossas forças de segurança foram humilhadas e enterradas durante décadas, abandonadas por uma classe de políticas que nos levaram à ruína. Hoje, apenas 3% dos crimes são condenados”, disse o presidente, com o povo entoando “polícia, polícia”.
Quebra de protocolo
Após a posse, Milei quebrou o protocolo ao descer do carro presidencial para cumprimentar um eleitor e acariciar seu cachorro, um Golden retrivier. Dali, seguiu a pé até Casa Rosada, residência oficial do presidente da Argentina, onde recebeu o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, vários chefes de Estado, como Gabriel Boric, presidente do Chile e Filipe 6, rei da Espanha, além do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
O governo brasileiro enviou o chanceler Mauro Vieira. O Itamaraty publicou nas redes sociais uma mensagem em que reitera “o interesse mútuo no fortalecimento da relação bilateral”.
https://twitter.com/ItamaratyGovBr/status/1733902330431435165