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Mianmar desbanca Afeganistão como maior produtor mundial de ópio

Relatório da ONU afirma que produção afegã caiu após proibição no cultivo de papoula pelo Talibã

Por Da Redação
13 dez 2023, 15h39

Mianmar se tornou o maior produtor mundial de ópio, ultrapassando o Afeganistão, cuja produção caiu depois do governo do Talibã impor uma proibição ao cultivo de papoula, de acordo com um relatório das Nações Unidas divulgado nesta terça-feira 12. A nação do Sudeste Asiático produziu cerca de 1.080 toneladas métricas de ópio em 2023, o maior número desde 2001.

Neste ano, o comércio de ópio em Mianmar expandiu pelo terceiro ano consecutivo, crescendo 36% em comparação com 2022. Toda a economia dos opiáceos no país vale agora entre U$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) e U$ 2,5 bilhões (R$ 12,4 bilhões), ou entre 2% e 4% do PIB nacional, de acordo com o relatório.

O país ultrapassou o Afeganistão, que agora enfrenta uma proibição estrita do cultivo de papoula, matéria-prima da droga, pelo Talibã. A medida foi introduzida em abril deste ano e reduziu a produção de ópio no país em 95%. Dado o papel historicamente dominante do Afeganistão na produção ilegal de ópio, a ONU disse que se a proibição do comércio continuar, pode haver uma escassez global de opiáceos, incluindo heroína, e impulsionará a produção no Sudeste Asiático.

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Caos econômico e político

Durante décadas de regime militar, Mianmar foi uma grande nação produtora de drogas. Porém, grande parte do aumento da produção de ópio foi alimentado pela instabilidade econômica no país, especialmente desde 2021.

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Uma guerra civil cada vez mais mortal tomou conta de mais de dois terços do país, com combates entre os soldados da junta militar governante e forças armadas de resistência. O aumento da inflação, escassez de insumos e poucas oportunidades de emprego “parecem ter desempenhado um papel significativo nas decisões dos agricultores no final de 2022 de cultivar mais papoula”, disse o relatório da ONU.

“As perturbações econômicas, de segurança e de governo que se seguiram à tomada militar de fevereiro de 2021 continuam a levar os agricultores em áreas remotas ao ópio para ganhar a vida”, disse Jeremy Douglas, Representante Regional do UNODC, num comunicado. “Espera-se que a intensificação do conflito em Shan e noutras zonas fronteiriças acelere esta tendência.”

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Cultivo mais sofisticado

O relatório indica ainda que a produção em Mianmar “se tornou cada vez mais sofisticada e mais produtiva”. O vasto e montanhoso estado de Shan, no noroeste do país, transformou-se no grande centro do tráfico de drogas devido às condições climáticas e falta de policiamento.

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“A semeadura de papoula em plantações densamente organizadas [e o uso de] sistemas de irrigação, e às vezes de fertilizantes, aumentaram recentemente o rendimento das culturas e as estimativas de produção total para níveis históricos”, afirma o relatório.

Segundo a ONU, a produção de ópio em Shan aumentou 20% este ano. Milícias armadas controlam uma grande porção do território do estado e, historicamente, usam narcóticos e outros comércios ilícitos para financiar as suas operações.

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Expansão do tráfico na Ásia

A expansão do cultivo da papoula para produção de ópio em Mianmar ocorre num momento de boom de sintéticos, como metanfetaminas. Nos últimos anos, poderosas milícias étnicas e grandes sindicatos transnacionais do crime organizado se uniram para organizar o tráfico deste tipo de drogas de uma forma “sem precedentes”, segundo o relatório.

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Os cartéis da Ásia geram bilhões de dólares através do comércio global de narcóticos e, diferentes da organizações da América Latina, são menos propensos a guerras internas. Eles aproveitam a instabilidade política e o conflito de Mianmar para enriquecer usando o comércio ilegal.

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