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Mediador diz que manifestantes no Sudão voltarão a negociar

Os protestos no Sudão começaram em dezembro, quando o preço do pão triplicou e, na sequência, evoluiu para um movimento político

Por AFP Atualizado em 30 jul 2020, 19h45 - Publicado em 12 jun 2019, 01h45

Os líderes do protesto democrático no Sudão concordaram em interromper sua campanha de desobediência civil e retomar as negociações com a junta militar, informou o mediador etíope nesta terça-feira 11.

A notícia do suposto acordo, que ainda deve ser confirmada pelos militares, foi divulgada quando um alto diplomata americano se preparava para viajar para Cartum com o objetivo de pressionar os generais no poder para que detenham a repressão contra os manifestantes.

“A Aliança para a Liberdade e Mudança acordou interromper a desobediência civil a partir de hoje”, anunciou Mahmud Drir, mediador desde que o primeiro-ministro de seu país, Abiy Ahmed, viajou para o Sudão na semana passada.

“Ambas as partes também acordaram retomar logo as discussões” sobre a transferência do poder para uma administração civil, acrescentou.

O movimento de protesto afirmou em comunicado que está em contato com pessoas para “retomar o trabalho na quarta-feira”.

O mediador etíope explicou que “em um gesto de boa vontade” os militares aceitaram “libertar todos os presos políticos”.

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Na noite desta terça-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou firmemente a violência no Sudão e pediu à Junta Militar e ao movimento de protesto que trabalhem juntos para encontrar uma solução para a crise.

O Conselho de Segurança fez um apelo a todas as partes para que continuem “trabalhando juntos por uma solução consensual para a atual crise”, e manifestou seu apoio aos esforços diplomáticos dirigidos pela África.

Os protestos no Sudão começaram em dezembro, quando o preço do pão triplicou e, na sequência, evoluiu para um movimento político.

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Após a destituição do presidente Omar Al-Bashir por parte dos militares em 11 de abril, milhares de manifestantes que estavam acampados em frente ao quartel-general do Exército se recusaram a deixar o local, passando a exigir a transferência de poder para os civis.

Com o fracasso das negociações entre os manifestantes e o Conselho Militar, porém, a manifestação foi violentamente dispersada em 3 de junho. Em reação, os líderes dos protestos convocaram um movimento de desobediência civil no domingo (9).

Desde 3 de junho, a repressão no Sudão deixou 118 mortos e mais de 500 feridos, principalmente nesta data, relata o Comitê de Médicos, ligado ao movimento.

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Um protesto bem sucedido

Os manifestantes declararam que a ação de desobediência civil foi um sucesso. “Isso mostra claramente o que podemos fazer, e de um modo pacífico”, disse Ishraga Mohamed, um dos líderes do movimento de protesto.

Lojas e empresas estavam fechadas nesta terça-feira (11), em Cartum, capital do Sudão, no terceiro dia de um movimento de desobediência civil

Alguns ônibus públicos com passageiros a bordo circulavam em algumas zonas da capital, mas os bairros de negócios de Cartum estavam quase sem circulação, de acordo com um jornalista da AFP.

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Os paramilitares das Forças de Apoio Rápidas (RSF) acusados de terem tido um papel importante na repressão de 3 de junho patrulharam as ruas em suas caminhonetes comsuas metralhadoras.

O país ficou praticamente isolado do mundo até a madrugada desta terça-feira, quando a conexão de Internet da Sudatel, o principal provedor do país, voltou a ser estabelecida.

Os RSF são considerados pelo movimento de protesto e especialistas como une uma “nova versão” das milícias Janjawid, denunciadas por atrocidades na região de Darfur (oeste), cenário de uma guerra civil desde 2003.

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Nesta terça-feira, nove pessoas foram mortas no povoado de Al Dalij, em Darfur, segundo o comitê de médicos que apontou como os Janjawid como responsáveis.

EUA pedem para conter a repressão

O máximo diplomata de Estados Unidos para África se preparava para viajar nesta quarta-feira ao Sudão para promover o diálogo entre os militares e os representantes do protesto, segundo o Departamento de Estado.

Tibor Nagy, o vice-secretário de Estado para África, pedirá “o fim dos ataques contra os civis” e instará ambos os lados “a trabalhar para a criação de um ambiente que permita” retomar o diálogo, segundo a mesma fonte.

Os Estados Unidos condenaram na semana passada os ataques contra os manifestantes, assim como outros países do Ocidente, embora os aliados árabe de Washington como Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos manifestaram seu apoio aos militares.

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