Mar, terra e água: a ‘operação multilateral’ que Israel planeja em Gaza
Ministro da Defesa de Israel promete ampla investida, apesar de não detalhar possível operação e situação dos reféns
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse em comunicado na segunda-feira 23 que as Forças de Defesa de Israel (FDI) estão se preparando para uma ampla investida que terá três frentes: ar, terra e mar, contra os terroristas do Hamas em Gaza.
“Continuem se preparando para nossa operação, ela chegará em breve. Estamos nos preparando minuciosamente para o próximo passo – uma operação multilateral no ar, no solo e no mar”, Gallant em um vídeo gravado durante a visita à base naval de Ashdod.
Ainda nas instalações militares, Gallant disse que “conduziu uma avaliação da situação das operações navais” e “percorreu a costa na fronteira sul de Israel junto com o comandante da Marinha David Saar Salama”.
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Ao passo que uma incursão terrestre se aproxima, surgem questionamentos e incertezas sobre os planos de Israel para Gaza. Os líderes israelenses defendem que invadir o enclave palestino é necessário para pôr fim ao Hamas, mas não revelaram planos sobre o que acontecerá com o território e com seus mais de 2 milhões de habitantes.
Mais 5.700 pessoas foram mortas em Gaza desde 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde palestino, que é controlado pelo Hamas, muitas devido aos ataques aéreos israelenses.
Segundo analistas, as FDI podem optar por uma invasão em grande escala, ou por incursões parciais e precisas para eliminar as lideranças do Hamas e recuperar reféns. Enquanto o grupo terrorista liberta as pessoas que foram sequestradas em doses homeopáticas (quatro até agora), o alto comando israelense tenta conciliar a proteção dos cativos com a invasão por terra.
Os Estados Unidos negaram estar fazendo pressão para que Israel adie a invasão, e possibilitando que mais reféns fossem soltos. Se intencional ou não – mas tudo indica que sim –, a medida surtiu efeito até agora. O que não indica, porém, que os israelenses estejam dispostos a negociar um cessar-fogo.
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Especialistas apontam que colocar fim à atividade do Hamas pode ser mais complicado do que parece. Eles dispõe, inclusive, de uma vasta rede de túneis, conhecida como “metrô de Gaza”, para se esconderem, além de controlarem setores públicos, como a área de saúde.
“O Hamas está profundamente enraizado em Gaza, na sua sociedade e na sua geografia. Para derrotá-lo, Israel teria de realizar mudanças topográficas e demográficas permanentes na Faixa de Gaza – e isso já está acontecendo”, disse o pesquisador em política do Oriente Médio no Instituto Internacional de Estudos Estratégico, Hasan Alhasan, à TV americana CNN.