Londres, 12 jun (EFE).- As Ilhas Malvinas promoverão, na primeira metade de 2013, um plebiscito sobre sua soberania para pôr fim ao litígio com a Argentina, anunciou nesta terça-feira em Port Stanley o governo das ilhas do Atlântico Sul.
Após saber da decisão, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou hoje, por meio de declaração escrita, que o país ‘respeitará e defenderá’ o resultado do plebiscito e confia que a Organização das Nações Unidas aceitará a ‘decisão dos insulanos sobre como querem viver’.
O anúncio da consulta foi divulgado pouco antes de se completarem 30 anos do fim da Guerra das Malvinas entre Reino Unido e Argentina nesta quinta-feira, quando está previsto que a presidente argentina, Cristina Kirchner, defenda em Nova York no Comitê de Descolonização da ONU a soberania de seu país sobre as ilhas.
O presidente da Assembleia Legislativa das ilhas, Gavin Short, disse hoje que o plebiscito, cuja pergunta ainda não foi divulgada, tem como objetivo ‘mostrar ao mundo’ quão seguros os insulanos estão de que querem ser britânicos.
Em declaração escrita, Short afirmou que a população das Malvinas (que os britânicos chamam Falklands), quer permanecer como território dependente do Reino Unido e não sob soberania da Argentina, que reivindica o território desde 1833.
Além disso, o presidente da Assembleia qualificou como ‘absurda’ a ‘retórica’ que o governo de Buenos Aires utiliza, segundo a qual os cerca de 3 mil malvinenses não têm opinião sobre seu futuro.
‘Pensamos cuidadosamente sobre como enviar ao mundo uma mensagem forte que expresse a opinião da população das Malvinas de maneira clara, democrática e incontestável’, acrescentou. O governo das ilhas chegou à conclusão de que um plebiscito ‘eliminará qualquer dúvida sobre nossos desejos’.
A consulta, que será organizada pelo governo das ilhas na primeira metade de 2013, contará com observadores internacionais independentes, que irão supervisionar o resultado do plebiscito.
Nas próximas semanas serão divulgadas as perguntas que se farão aos insulanos no plebiscito sobre seu ‘status político’, acrescentou Short.
Por sua parte, David Cameron cumprimentou hoje a decisão dos malvinenses de expressar sua opinião em um plebiscito, 30 anos depois da guerra.
‘Sempre disse que é assunto dos habitantes das Malvinas decidir se querem ser britânicos e que o mundo deveria escutar seu ponto de vista’, afirmou.
‘Agora o governo argentino quer pôr em dúvida sua escolha ao aplacar a capacidade dos insulanos de falar por si mesmos’, criticou o chefe do Governo.
A tensão entre Londres e Buenos Aires se agravou em 2011 pela decisão do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) de impedir a atracação de embarcações com bandeira malvinense em seus portos.
A isso, somou-se o mal-estar da Argentina pela presença do príncipe William, neto da rainha Elizabeth II, no arquipélago, para cumprir uma instrução militar, e pelo envio de um moderno destróier britânico ao Atlântico Sul. EFE