Macron levará incêndio na Amazônia ao G7: ‘Nossa casa está queimando’
Bolsonaro nega ser 'capitão Nero', culpa a imprensa, diz haver 'psicose ambiental' e defende a exploração econômica da floresta
O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou nesta quinta-feira, 22, que levará a questão dos incêndios na região amazônica à reunião de cúpula do G7 em Biarritz, no final desta semana. Em mensagem publicada no Twitter, o líder francês alegou que “nossa casa está queimando”.
“Nossa casa está queimando. Literalmente. A floresta amazônica – o pulmão que produz 20% do oxigênio do nosso planeta – está queimando. Esta é uma crise internacional. Os membros do G7 discutirão essa emergência de primeira ordem em dois dias!”, escreveu Macron. O líder da França não errou ao mencionar a Amazônia como casa também dos franceses. O território ultramarinho Guiana Francesa faz fronteira com o estado do Amapá, no norte do Brasil, e é inegavelmente amazônico.
A decisão de Macron, que já se mostrara preocupado com o desmatamento da floresta, foi tomada depois de duas semanas de queimadas constantes na Amazônia. Combinados com as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o desenvolvimento de setores agressivos na região à custa do desmatamento, os incêndios têm tido ampla repercussão internacional. Mas, para ilustrar sua mensagem no Twitter, Macron cometeu um deslize: valeu-se de uma foto da floresta em chamas datada de 2013, como foi apurado pelo jornal francês Le Monde.
Capitão Nero
A revista britânica The Economist classificou Bolsonaro como “o chefe de Estado mais perigoso em termos ambientais do mundo”. Nesta quinta-feira, em tom desafiador, Bolsonaro afirmou não ser o “capitão Nero”, em uma referência ao imperador romano que o ordenou o incêndio de Roma, no ano 64. Nero culpou os cristãos. Bolsonaro, que insiste em culpar as organizações ambientalistas pelas queimadas na Amazônia, agregou a imprensa entre os responsáveis.
“Não estou defendendo as queimadas, porque sempre houve e sempre haverá, infelizmente acontece isso ao longo da vida da Amazônia”, declarou, ao deixar o Palácio da Alvorada. “Agora, me acusar como capitão Nero, tocando fogo lá, é uma irresponsabilidade, é fazer campanha contra o Brasil.”
Bolsonaro, que nega a mudança climática e defende que as reservas indígenas e as zonas protegidas da floresta sejam abertas a atividades agropecuárias e à mineração, voltou a criticar a “psicose ambiental” que obstruiria o desenvolvimento do país. “Essa psicose ambiental não deixa fazer nada. Eu não quero acabar com o meio ambiente. Eu quero é salvar o Brasil”, afirmou ainda, defendendo a mudança de orientações em relação às últimas décadas.
(Com AFP)