O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista à emissora americana CNN, disse nesta sexta-feira, 10, que tem certeza de que o ex-presidente Jair Bolsonaro será condenado por “alguma corte internacional” pelo crime de genocídio, “seja pelas mortes em decorrência da Covid-19, seja pela crise de saúde do povo ianomâmi na Amazônia”.
A repórter Christiane Amanpour perguntou a Lula sua opinião sobre os Estados Unidos permitirem a estada de Bolsonaro na Flórida enquanto ele é investigado por uma série de crimes – como seu papel na invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro, ou o plano de reverter o resultado das eleições revelado por VEJA –, mas o petista foi esquivo sobre o assunto.
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“Algum dia ele vai ter que voltar para o Brasil”, afirmou.
“Bolsonaro vai ser condenado em alguma corte internacional por genocídio”, acrescentou, alegando que metade das mortes pela Covid-19 no Brasil (até agora, 698 mil) poderia ter sido evitada por meio de ações do governo.
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Ele também fez referência à crise de saúde dos ianomâmis. Um relatório do atual Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania mostrou que a antiga pasta, comandada por Damares Alves no governo Jair Bolsonaro, agiu com “omissão criminosa” na preservação de direitos do povo ianomâmi.
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O ex-presidente deixou o Brasil antes da posse de Lula, no dia 30 de dezembro do ano passado, e está hospedado em uma casa de veraneio na Flórida, perto dos parques da Disney. Um grupo de dezenas de deputados democratas dos Estados Unidos, o mesmo partido do presidente Joe Biden, com quem Lula tem encontro marcado nesta sexta-feira, fez uma série de apelos ao governo americano para que deportasse Bolsonaro.
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Amanpour questionou se Lula levantaria o assunto em sua conversa com o líder da Casa Branca, mas o brasileiro disse que não.
“Não vou falar com Biden sobre isso, porque (o pedido de extradição de Bolsonaro) depende das investigações e dos tribunais do Brasil. Quero que ele seja considerado inocente até que se prove o contrário, coisa que eu não tive”, afirmou.