Líbia vai pela 1ª vez às urnas depois de 40 anos de ditadura
Assembleia Constituinte será eleita para redigir nova Constituição do país
Os líbios vão às urnas neste sábado pela primeira vez depois de quase 40 anos da ditadura de Muamar Kadafi . Serão escolhidos 200 representantes do primeiro Congresso Geral Nacional. Entre as atribuições do novo legislativo estarão a formação do governo e a definição de um comitê de especialistas encarregado de redigir um projeto de Constituição, que depois será submetido a referendo.
Entenda o caso
- • A revolta teve início no dia 15 de fevereiro, quando 2.000 pessoas organizaram um protesto em Bengasi, cidade que viria a se tornar reduto da oposição.
- • No dia 27 de março, a Otan passa a controlar as operações no país, servindo de apoio às tropas insurgentes no confronto com as forças de segurança do ditador, que está no poder há 42 anos.
- • Após conquistar outras cidades estratégicas, de leste a oeste do país, os rebeldes conseguem tomar Trípoli, em 21 de agosto, e, dois dias depois, festejam a invasão ao quartel-general de Kadafi.
- • A caçada pelo coronel terminou em 20 de outubro, quando ele foi morto por rebeldes em sua cidade-natal, Sirte. Um mês depois, seu filho e herdeiro político Saif al Islam foi capturado durante tentativa de fuga.
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A votação, prevista inicialmente para 19 de junho, segundo o calendário do CNT, foi adiada por razões técnicas e logísticas, informou a comissão eleitoral. Dos seis milhões de habitantes, 2,7 milhões estão inscritos para votar.
Embora mais de 4.000 candidatos individuais ou inscritos nas listas de movimentos políticos tenham se apresentado, a comissão eleitoral só declarou elegíveis 2.501 independentes e 1.206 de grupos políticos. No total, 620 mulheres apresentaram suas candidaturas. Elas estão bem representadas nas listas dos partidos, embora entre os candidatos individuais só representem 3,4%.
Divisões – Os assentos são divididos entre candidatos independentes (120) e movimentos políticos (80), uma maneira de evitar, segundo as autoridades, que apenas um partido político domine a futura Assembleia Constituinte. Isso não impede, porém, que alguns partidos apoiem candidatos individuais, o que poderia levar os islamitas ao poder na Líbia, como já aconteceu na Tunísia e no Egito, dois países que também viveram as chamadas ‘revoltas árabes’.
Durante a campanha eleitoral, que termina na quinta-feira, principalmente três partidos se destacaram. Dois deles são islamitas: o Partido da Justiça e da Construção (PJC), um braço da Irmandade Muçulmana, e o Al-Watan, do polêmico ex-chefe militar de Trípoli Abdelhakim Belhaj. O terceiro grupo político de destaque é o dos liberais, reunidos em uma coalizão lançada por Mahmud Jibril, o ex-primeiro-ministro do CNT durante a revolta contra Kadafi.
(Com agência France-Presse)