O dirigente histórico da extrema-direita francesa Jean-Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional (FN), afirmou que sua filha, Marine, atual presidente da legenda, está “dinamitando o próprio partido”. Nos últimos dias foi declarada uma guerra aberta entre Jean-Marie Le Pen, presidente de honra da FN, e sua filha a respeito de declarações do fundador do partido, chamadas de “provocação” e de “suicídio político” por Marine Le Pen. Ambos vêm trocando acusações pela imprensa num curioso embate político de pai contra filha.
“Não sou eu, ela é a que está cometendo suicídio político, está dando um tiro no pé”, disse Jean-Marie Le Pen à rádio RTL, antes de se declarar “atônito” com a reação da filha. Marine Le Pen anunciou na quinta-feira a abertura de um processo disciplinar contra seu pai, pedindo ainda que ele renuncie a suas “responsabilidades políticas”.
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Jean-Marie Le Pen é presidente de hora da FN e deputado europeu, mas pretendia se candidatar nas eleições regionais francesas previstas para 2015. “Irei me defender e provavelmente atacarei”, afirmou o pai nesta sexta. “Quando ela [Marine] tenta ser outra coisa, ela não é nada”, advertiu Jean-Marie, acrescentando que suas declarações não justificam a abertura do processo no comitê disciplinar.
Marine Le Pen assumiu a presidência da FN em 2011 e, desde então, tenta apresentar uma imagem mais moderada do partido, com muito cuidado para evitar a associação com o antissemitismo. Muito conhecido por suas provocações e frases antissemitas, Jean-Marie Le Pen, de 86 anos, repetiu na semana passada que as câmaras de gás eram “apenas um detalhe” da II Guerra Mundial, um comentário que já lhe rendeu condenações da Justiça francesa. Não contente, em outra entrevista, ele ainda defendeu as escolhas políticas do marechal Philippe Pétain, chefe do regime de Vichy que colaborou estreitamente com os nazistas durante a ocupação alemã na França.
Financiamento ilegal – O embate entre os Le Pen ganhou ainda um novo componente explosivo para o partido e para Marine. Nesta sexta, o Le Monde revelou que políticos da Frente Nacional, inclusive a presidente do partido, estão sendo formalmente investigados por financiamento ilegal de campanhas políticas. “Em pleno psicodrama político-familiar, Marine Le Pen tem, ao mesmo tempo, que lidar ainda com a investigação judicial que a afeta diretamente”, escreve o jornal francês. A Justiça francesa considera que Marine, o senador David Rachline e o deputado europeu e secretário-geral da FN, Nicolas Bay, são suspeitos de terem participado de um esquema de arrecadação ilegal promovido com a ajuda de empresas que também estão sendo investigadas.
(Da redação)
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