Justiça turca suspende fechamento do Twitter
Apesar da suspensão, o acesso ao serviço de microblog seguia bloqueado. Primeiro-ministro Recep Erdogan pode também proibir o YouTube

Um tribunal administrativo de Ancara emitiu nesta quarta-feira uma ordem que suspende o banimento do Twitter na Turquia, informou a emissora local NTV. Por enquanto, porém, as autoridades não retiraram o bloqueio. Após uma denúncia da União de Colegiados de Advogados da Turquia, o tribunal decidiu suspender o bloqueio por “ameaçar os fundamentos do Estado de direito”. Nesta quarta, até pelo menos as 12h20 locais (7h20 de Brasília), o acesso ao Twitter permanecia suspenso e a única forma de uso possível era através ferramentas de navegação anônima para mascarar a origem do acesso.
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse em entrevista na noite de terça que não só manterá o bloqueio ao Twitter como também poderia suspender o YouTube. “Se vocês [as empresas] não corrigem sua atitude, fecharemos as páginas. Se se ajustarem às normas, levantaremos a proibição. O que é Twitter? É uma empresa, por trás está o YouTube. Trabalham com os advogados do YouTube”, disse Erdogan O primeiro-ministro afirmou que a Turquia tinha pedido ao Twitter para que bloqueasse “700 postagens”, mas que a companhia só tinha retirado “uma ou duas”.
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Segundo uma investigação divulgada pelo jornal Hürriyet Daily News, praticamente todas as denúncias do governo turco contra conteúdos do Twitter ocorreram a partir de dezembro do ano passado, o que sugere uma tentativa de impedir a publicação do escândalo de corrupção que veio à tona na época. No último trimestre, e em um ambiente de campanha eleitoral tensa para as eleições municipais deste domingo, o Twitter foi um dos meios preferidos para se divulgar links com as gravações de voz de supostas conversas telefônicas de Erdogan com seu círculo próximo.
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A última gravação, divulgada na madrugada desta quarta no YouTube, reproduz uma suposta conversa na qual se conclui que foi o próprio Erdogan, em 2010, que coordenou o vazamento anônimo de um vídeo que comprovava uma relação extraconjugal do então líder da oposição Deniz Baykal. Tanto Baykal, que renunciou após o vídeo ser divulgado, como seu sucessor, Kemal Kiliçdaroglu, pediram hoje “explicações imediatas” ao primeiro-ministro. “Nunca se viu tanta imoralidade. De fato, nunca se encontrou os culpados. Ele é o responsável. Uma pessoa que fez algo assim não pode seguir ocupando a cadeira do primeiro-ministro”, criticou Kiliçdaroglu.
(Com agência EFE)