O julgamento de extradição para os Estados Unidos do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, detido no Reino Unido, começará no dia 25 de fevereiro de 2020, determinou nesta sexta-feira, 14, uma juíza britânica.
A decisão que a Justiça britânica tomar em fevereiro poderá ser contestada pelos advogados de Assange, que já anunciaram que lutarão até que todos os recursos se esgotem para evitar que ele seja entregue aos Estados Unidos.
O jornalista australiano, de 47 anos, enfrenta 18 novas acusações, incluindo suspeitas de espionagem e a publicação de documentos altamente sigilosos. Ele foi preso em 11 de abril pelas autoridades britânicas depois de o Equador retirar o asilo concedido pelo ex-presidente Rafael Correa.
Em breve audiência preliminar realizada nesta sexta-feira, Assange defendeu que o WikiLeaks “não é nada mais do que um meio de comunicação” e afirmou que “estão em jogo 175 anos” da sua vida, em referência à pena que pode ser decretada contra ele.
A audiência aconteceu um dia depois que o ministro de Interior britânico, Sajid Javid, assinou a solicitação de extradição dos Estados Unidos. A decisão final, no entanto, cabe à Justiça britânica.
O advogado Ben Brandon, que representa a Justiça americana no caso, argumentou nesta sexta na Corte de magistrados de Westminster (Londres) que o caso de Assange “tem relação com um dos maiores vazamentos de informação confidencial na história dos Estados Unidos”.
Por sua vez, defendendo o jornalista, o advogado Mark Summers ressaltou que o processo contra seu cliente representa “uma agressão frontal e atroz” contra os direitos jornalísticos.
Washington reivindica o ex-hacker por ter conspirado para supostamente invadir computadores do Pentágono. O australiano é acusado de envolvimento no vazamento, em 2010, de mais de 90.000 documentos confidenciais relacionados a ações militares americanas no Afeganistão e cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque.
Antes de ser investigado nos Estados Unidos, Assange já era alvo da Justiça da Suécia. Ele é acusado por violação e agressão sexual de duas mulheres, cujas identidades não foram reveladas. Os fatos teriam ocorrido durante uma visita do jornalista a Estocolmo, em agosto de 2010.
O Ministério Público apresentou um pedido de prisão contra o fundador do WikiLeaks, mas a Justiça sueca recusou a emissão do mandado de prisão europeu, assim como de um pedido de extradição no início de junho.
(Com Estadão Conteúdo)