Uma juíza militar que acompanha o processo do soldado Bradley Manning se negou a excluir a mais grave acusação contra o ex-analista militar que vazou documentos de militares e diplomatas americanos para o WikiLeaks. A acusação de “colaborar com o inimigo” pode levá-lo à prisão perpétua, por isso, a defesa entrou com o pedido na segunda-feira para que fosse desconsiderada, argumentando que a promotoria não havia apresentado provas suficientes para sustentá-la. No entanto, a juíza Denise Lind afirmou que Manning “sabia que estava fornecendo informações ao inimigo”. Em sua avaliação, analistas militares de inteligência como Manning são treinados para considerar que qualquer coisa publicada na internet pode ser acessada pelo inimigo.
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Manning, de 25 anos, foi preso em maio de 2010, acusado de repassar 700 mil arquivos secretos ao WikiLeaks, do hacker australiano Julian Assange. A defesa tenta mostrar o acusado como um jovem ingênuo e bem intencionado, que pretendia provocar um debate ao divulgar para os americanos informações sobre as operações militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque. A promotoria alega que os dados ajudaram o grupo terrorista Al Qaeda e insiste que o soldado havia sido advertido sobre os riscos de sua conduta.
O julgamento deverá ser concluído em agosto. Manning havia se declarado culpado de dez das mais de vinte acusações que pesam contra ele. Na segunda-feira, o advogado David Coombs declarou que seria “presunção” acreditar que o inimigo – a Al Qaeda – visitava a página do WikiLeaks na internet. A defesa também alertou que a condenação de Manning por colaboração com o inimigo abriria um perigoso precedente contra qualquer um que fornecesse informações para a imprensa.