O juiz dos Estados Unidos Lewis Kaplan, responsável por um dos muitos processos contra Donald Trump, ameaçou expulsar o ex-presidente americano de um tribunal em Manhattan, Nova York, nesta quarta-feira, 17. Quase estoico, Trump provocou o magistrado, dizendo que “adoraria” deixar a corte.
Kaplan pareceu perder a paciência depois que o advogado da acusação, Shawn Crowley, reclamou que o político republicano estava atrapalhando o julgamento porque era possível ouvi-lo, em voz baixa, disparando a todo momento comentários como: “É uma caça às bruxas” e “Isto é realmente um golpe”.
Irritado, o juiz respondeu: “Senhor Trump, o senhor tem o direito de estar presente aqui. Esse direito pode ser perdido caso perturbe [o processo], que consiste no que me foi relatado. E se desconsiderar as ordens judiciais, senhor Trump, espero não ter que considerar expulsá-lo do julgamento.”
Trump ergueu as duas mãos em resposta, como que se rendendo. Kaplan, então, sugeriu que o ex-presidente “provavelmente” gostaria de ser expulso, e os repórteres dentro do tribunal, segundo reportou a mídia local, puderam escutar o republicano dizer: “Eu adoraria”.
“Aparentemente, você simplesmente não consegue se controlar”, disparou o magistrado, antes de acusação e defesa deixarem a corte para almoçar.
O caso
Após uma grande vitória nas prévias de Iowa, Trump precisou se colocar diante de um júri em Manhattan. Ele está sendo processado pela escritora E. Jean Carroll, que o acusou de estuprá-la nos anos 1990, por declarações que fez sobre ela em 2019. No ano passado, ele já foi considerado culpado por agressão sexual – embora não por estupro – e condenado a pagar US$ 5 milhões em danos a Carroll.
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Em uma série de falas polêmicas, em 2019, Trump chamou o caso de uma “trapaça completa” utilizada como uma forma de atrair publicidade para os livros da escritora. As declarações renderam ao republicano uma acusação de difamação. Ele nega qualquer irregularidade.
Este julgamento é apenas uma amostra do calendário de 2024 para Trump, que terá que se dividir entre eventos de campanha e aparições em tribunais. Além do caso civil de difamação, ele enfrenta uma acusação civil, também em Nova York, por fraude e enriquecimento ilícito por meio de sua empresa, a Trump Organization. O republicano foi indiciado ainda em quatro casos da esfera criminal:
- Transações financeiras ilegais: em 2016, Trump teria realizado pagamentos secretos a uma ex-atriz pornô, para acobertar um suposto affair que mancharia sua campanha presidencial. As transferências foram feitas por meio de seu advogado e taxadas de “gastos com a campanha”;
- Documentos ultrassecretos: depois de deixar o Salão Oval após ser derrotado pelo presidente Joe Biden em 2020, o republicano levou para sua residência pessoal na Flórida, de forma irregular, dezenas de caixas de arquivos confidenciais do governo, incluindo supostos documentos ligados ao arsenal nuclear americano;
- Interferência eleitoral na Geórgia: o caso acusa Trump de formar uma organização criminosa para reverter os resultados da eleição de 2020 no estado, fazendo uso de uma lei para combater a máfia, conhecida como RICO;
- Interferência eleitoral: semelhante à acusação da Geórgia, o caso federal indiciou o ex-presidente por conspiração, na tentativa de anular os resultados da eleição de 2020, alimentando teorias da conspiração sobre fraude eleitoral que levaram à invasão do Capitólio americano por eleitores trumpistas.