Trump abusou sexualmente e difamou escritora, diz júri civil em Nova York
Ex-colunista acusa o republicano de tê-la abusado sexualmente em provador da loja de departamentos há cerca de trinta anos
Depois de poucas horas de deliberação, o júri da Corte Criminal de Manhattan considerou nesta terça-feira, 9, o ex-presidente americano Donald Trump culpado em um caso de abuso sexual e difamação contra a escritora E. Jean Carroll.
Trump deve pagar quase US$ 3 milhões em danos a Carroll pela difamação, enquanto também deve pagar cerca de US$ 2 milhões em danos por sua ação civil por agressão, elevando o total para US$ 5 milhões, segundo o júri.
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A ex-colunista da revista acusava o republicano de tê-la abusado sexualmente em um provador da loja de departamentos Bergdorf Goodman, em Nova York, há cerca de trinta anos. O processo corria através da Lei de Sobreviventes Adultos de Nova York, que abre espaço para vítimas de abuso denunciarem seus agressores anos depois do ocorrido.
Em uma série de falas polêmicas, Trump chamou o caso de uma “trapaça completa” utilizada como uma forma de atrair publicidade para os livros da escritora. As declarações renderam ao republicano uma acusação de difamação, somada ao processo.
Uma hora antes do início da deliberação, o juiz distrital responsável pelo caso, Lewis A. Kaplan, explicou as instruções sobre a lei para o júri, composto por nove pessoas, para iniciar a discussão sobre as alegações contra o republicano. Em primeiro lugar, eles precisavam decidir se havia mais de 50% de chance de Trump ter estuprado Carroll no camarim da loja. Se o resultado fosse favorável para a escritora, seriam então escolhidas indenizações compensatórias e punitivas.
Em abril deste ano, Carroll testemunhou ao tribunal que foi demitida da revista Elle em consequência da queda na sua reputação após as afirmações de Trump, sendo essa a causa da rescisão do contrato. Ela teria sido lesada com a perda de 8 milhões de leitores.
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“Não estou acertando contas políticas de forma alguma”, destacou Carroll na ocasião. “Estou acertando contas pessoais porque ele me chamou de mentirosa repetidamente, e isso realmente dizimou minha reputação.”
Na segunda-feira, às vésperas do julgamento, o advogado de Trump, Joe Tacopina, relatou à corte que a história de Carroll era muito improvável para ser acreditada. Ele disse, ainda, que a escritora teria motivações políticas e que seu depoimento teria sido baseado em um episódio da série Law & Order, que foi ao ar em 2012, sobre um estupro no camarim da seção de lingerie de uma loja da Bergdorf Goodman.
Em contrapartida, dois amigos de Carroll relataram que a jornalista teria contado sobre o abuso muito antes de o episódio ter sido televisionado. Somando-se à defesa, a advogada de acusação, Roberta Kaplan, relembrou trechos do depoimento de Trump, ocorrido em outubro, e seus famosos comentários em um vídeo de 2005, no qual ele afirmou que celebridades podem agarrar mulheres entre as pernas sem consentimento.
“Em um sentido muito real, Donald Trump é uma testemunha contra si mesmo”, ressaltou a advogada. “Ele sabe o que fez. Ele sabe que agrediu sexualmente E. Jean Carroll.”