Jihadistas tentam mudar sua imagem com revista em inglês
Publicação tem texto bem cuidado, fotos de boa qualidade técnica e tenta mostrar o 'lado bom' dos radicais do Estado Islâmico do Iraque e do Levante
Por Da Redação
4 jul 2014, 08h10
O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) quer mudar a imagem de que é um grupo de jihadistas barbudos empenhados em implantar o terror com sua nova revista em inglês. A publicação mostra uma sofisticada burocracia e um esforço dos jihadistas sunitas em converter a população para abraçar sua ideologia radical. Há um mês, os extremistas publicam na internet uma revista na qual divulgam sua ideologia e falam de sua estratégia militar e “obra social” nos territórios que controlam. O título da publicação, editada por seu centro de informação, Al-Hayat, é uma declaração de intenções: “Islamic State Report, an insight into the Islamic State” (Relatório do Estado Islâmico, um olhar no interior do Estado Islâmico).
Em seu último número, a revista rememora o acordo de Sykes-Picot (1916) entre França e a Grã-Bretanha pelo qual foram repartidas as áreas de influência no Oriente Médio e foram estabelecidas as fronteiras atuais. Diante desse acordo considerado ilegítimo pelo EIIL, o grupo anuncia que construirá um califado que concorde com “a metodologia do profeta Maomé”.
Com relação aos eventos recentes no campo de batalha, os últimos dois números da revista analisam os avanços no Iraque. Em um texto sobre a tomada da cidade iraquiana de Mosul, a revista detalha a “estratégia de distração” utilizada diante do exército iraquiano, já que, antes de invadir essa cidade, o EIIL atacou Samarra para “entreter” os soldados. Os radicais dizem que decidiram abandonar seus redutos no deserto da província ocidental iraquiana de Anbar porque “entenderam que ter uma base única de poder em uma região determinada se voltaria contra deles e daria a seus inimigos um ponto onde focar seus ataques”. Por isso, viram a necessidade de se expandir pelo território e lançar operações em grande escala em diferentes pontos, indica o artigo.
Seu primeiro exemplar é inaugurado com uma reportagem sobre Al Raqqah, reduto do EIIL na Síria, que “examina como o Estado Islâmico educa a sociedade preparando os novos imames e pregadores”. Em entrevista, o organizador desta atividade, o xeque Abul Haura al Yaziri, explica que eles estudam textos baseados nas doutrinas de Mohammed Abdel Wahhab, fundador no século XVIII do wahhabismo, uma doutrina radical do islã. (Continue lendo o texto)
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Há também uma reportagem mostrando como o EIIL “protege” os consumidores com inspeções em lojas, mercados e matadouros. A revista, que conta com entre cinco e oito páginas, contém textos com uma redação cuidada, que intercala versículos do Corão com fotografias de qualidade. Em outro de seus números, a publicação aborda em uma “reportagem” a importância de que os agricultores de Al Raqqah doem parte da colheita para o EIIL. O conceito de “zakat” (esmola) é um dos pilares do islã, de acordo com a “sharia”, a lei islâmica.
A revista também aborda o trabalho da polícia dos extremistas, integrada por “seus melhores homens”, com um artigo que exibe “a face amável” deste corpo de segurança. Em um tom épico, digno de uma narrativa de super-heróis, o texto afirma: “São homens que assumiram a responsabilidade de proteger o povo. Fazem frente a muitas dificuldades, suportam muitas cargas e se acostumaram a passar noites sem dormir, tudo pelo bem da segurança na província” de Al Raqqah. As forças policiais são parte dos serviços de segurança do EIIL, que dispõem de uma divisão administrativa, que administra as prisões e um escritório de queixas, e uma divisão de patrulhas. Os agentes são coordenados com o corpo de inteligência e a polícia da moral dos jihadistas.
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