As Forças Armadas de Israel deram início nesta segunda-feira, 25, a bombardeios contra “bases de terror” do Hamas na Faixa de Gaza, horas depois de um foguete palestino ter atingido uma casa nos arredores de Tel Aviv deixando sete feridos.
Um dos ataques aéreos destruiu um prédio de vários andares na Cidade de Gaza, espalhando destroços por uma grande área. O edifício seria a sede de uma companhia de seguros filiada aos terroristas do Hamas e, segundo os militares israelenses, servia como um “quartel secreto” das agências de inteligência do grupo islâmico.
É provável que as bases atingidas estivessem vazias, já que o Hamas soube com horas de antecedência que os ataques israelenses estavam a caminho. Testemunhas relataram que três mísseis atingiram alvos no norte de Gaza.
O próximo fim de semana marca um ano do início dos protestos nas fronteiras de Gaza com Israel, a chamada Marcha do Retorno. Os atos são reprimidos com força letal pelo Exército de Netanyahu, que já matou mais de 180 pessoas e feriu outras 6.000. O Hamas, que apoia os manifestantes, deve convocar um novo ato que moverá milhares de pessoas. Israel já declarou que continuará sua política de revide contra o que chamou de “tumultos violentos”.
Inicialmente, os protestos foram convocados para pressionar Israel a permitir o retorno de palestinos forçados a deixar seus lugares de origem durante a guerra árabe-israelense, de 1948. Também demandavam o fim das sanções impostas pelo Egito e por Israel sobre os territórios palestinos, que agravam uma crise humanitária na região. Até o momento, a ação não alcançou nenhum resultado significativo.
Do lado palestino, cresce a dissidência dentro do Hamas por causa do aumento de impostos e da piora nas condições de vida. Em uma aparente tentativa de apaziguar a situação, uma autoridade do grupo terrorista que não quis se identificar negou que o grupo esteja por trás do lançamento do artefato nesta segunda-feira e sugeriu que o projétil foi lançado por engano graças ao “mau tempo”.
Viagem interrompida
Com o ataque, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, adiantou o seu retorno de uma viagem diplomática aos Estados Unidos, que deveria se estender até a próxima quarta-feira, 27. Ele prometeu uma “resposta firme” ao ataque palestino. Pouco tempo depois, o Exército israelense anunciou o envio de reforços para a fronteira com Gaza, convocando inclusive reservistas.
“Israel não irá tolerar isto. Eu não tolerarei isto”, disse Netanyahu em um breve pronunciamento ao lado de Donald Trump. “Tenho uma mensagem simples para os inimigos de Israel: nós faremos o que for necessário para defender nosso povo, para defender nosso Estado. Depois deste encontro eu retornarei para casa antes do previsto para liderar o povo e os soldados de Israel.”
O presidente americano também comentou o episódio e descreveu a ofensiva do Hamas como “horrenda”. O republicano ainda mostrou seu apoio às represálias israelenses, declarando que “os Estados Unidos reconhecem que Israel tem absolutamente todo o direito de se defender.”
Com o retorno antecipado, um jantar entre Trump e Netanyahu foi cancelado, assim como a presença do primeiro-ministro para um discurso no Comitê de Assuntos Públicos Américo-israelenses (Aipac), um grupo americano de lobistas pró-Israel.
No último ano, os foguetes lançados pelo Hamas contra Israel foram recorrentes e sempre respondidos com fortes ataques aéreos contra Gaza. O Hamas e as forças israelenses já tiveram três grandes conflitos, o último em 2014, e se envolveram em dezenas de embates menores desde então.
Eleições em Israel
O ataque desta segunda-feira acontece a apenas duas semanas das eleições gerais em Israel, que ameaçam a continuidade de Netanyahu no poder. O primeiro-ministro está sob pressão dos conservadores para revidar de maneira intensa às ofensivas palestinas, apesar dos avisos de seus conselheiros militares sobre os perigos de um conflito na atual conjuntura.
As pesquisas de intenção de voto mostram que Netanyahu compete voto a voto com seu principal opositor, o general Benny Gantz, apesar dos esforços do atual líder para tachá-lo como um “esquerdista” que não sabe lidar com as questões de segurança do país.
A visita do primeiro-ministro israelense a Washington é vista como uma tentativa de exaltar a boa relação entre os governos às vésperas da eleição. Ainda nesta segunda-feira, Trump assinou um decreto reconhecendo formalmente a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, um território da Síria ocupado pelos israelenses desde 1967.
Netanyahu disse que a assinatura marca “um dia histórico”, que “transforma nossa vitória militar em uma vitória diplomática”. Ele ainda alegou que Israel tomou o território por “um ato de autopreservação”. “O povo judeu tem raízes em Golã, que datam de milhares de anos atrás”, afirmou o primeiro-ministro.
O ministro de Relações Exteriores sírio, Walid Muallem, afirmou que a proclamação americana é uma “clara agressão” à integridade e soberania de seu território, complementando ainda que os Estados Unidos mostraram “o mais alto nível de desprezo pela legitimidade internacional.”
(com Reuters, AFP)