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Irã proíbe o uso do Telegram

Concorrente do WhatsApp, o aplicativo entra para a lista de redes sociais proibidas por serem consideradas "perigosas", assim como Facebook e Twitter

Por Da Redação
Atualizado em 4 Maio 2018, 10h58 - Publicado em 4 Maio 2018, 10h49
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  • Ao final de um mês de ameaças, as autoridades do Irã bloquearam o popular serviço de mensagem Telegram, que se juntou agora à lista de redes sociais  proibidas no país por serem consideradas “perigosas”, assim como Facebook e Twitter.

    O Telegram, um app de mensagens instantâneas criado na Rússia para competir com o WhatsApp, tem cerca de 40 milhões de usuários no Irã, quase a metade da população do país. Há menos de duas semanas era utilizado também pelo governo como canal de comunicação com os cidadãos.

    O primeiro aviso deste controverso bloqueio foi dado pelo chefe da Comissão de Segurança Nacional do Parlamento, Alaeddin Boroujerdi, que denunciou “o papel destrutivo” do Telegram e a sua iminente substituição pelo sistema interno Sorush.

    A rejeição ao Telegram cresceu entre as autoridades depois que protestos antigovernamentais terem sido convocados no final do ano passado por meio de alguns dos seus canais. O aplicativo acabou bloqueado durante duas semanas.

    A decisão do Poder Judiciário iraniano de restringir o acesso ao aplicativo teve como base o argumento de que o sistema causou prejuízo à segurança do país por ter sido  utilizado para “provocar caos e distúrbios” e divulgar “propaganda contra o sistema da República Islâmica”.

    A reação popular não demorou. Após a decisão judicial, os usuários compartilharam pelo Telegram diversos aplicativos que disponibilizam o acesso a VPNs (redes privadas virtuais) e garantiram que continuarão divulgando “as traições dos responsáveis ao povo”.

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    “O Telegram é o único lugar onde podemos revelar estes temas e, por isso, se transformou em uma ameaça para a República Islâmica”, afirmaram os canais de oposição.

    Em troca, as autoridades começaram a divulgar, no último mês, sistemas locais como o Sorush, criado há dois anos, com pouco mais de 3 milhões de usuários. Mas a desconfiança dos cidadãos é grande.

    Uma das brincadeiras que circularam nas últimas semanas dizia: “Para baixar o Sorush, mandem o número 1 ao 1000397 e aproveitem para que suas conversas sejam escutadas”. “Quando você instala o Sorush, o aplicativo imediatamente faz uma foto sua. Acredito que precisam dela para completar seu registro”, ironizava outro comentário.

    Alguns chamaram este aplicativo de “sistema de rastreamento e escuta”, enquanto outros divulgaram uma foto de uma mulher semi-nua censurada junto à frase “quando sua namorada te manda uma foto dela pelo Sorush”.

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    Receio

    Uma usuária do Telegram, Nilufar, que tem um canal no aplicativo para informar sobre as atividades em sua academia de dança, falou que tem receio de usar o Sorush.

    “Dizem que o aplicativo está sendo vigiado pelas autoridades, e nós usamos o canal para anunciar algumas aulas como a zumba, que está proibida. Por isso, continuaremos com o Telegram e informaremos, a partir de agora, também pelo Instagram”, explicou.

    O Telegram é considerado seguro porque não compartilha os dados de seus usuários com os governos, motivo pelo qual entrou na mira de vários países, como a Rússia, que bloqueou o serviço neste mês, desencadeando protestos populares em defesa da liberdade na internet.

    Assim como Nilufar, a maioria pretende continuar utilizando o Telegram com programas VPNs, embora a decisão judicial para os servidores de internet locais também falasse sobre impossibilitar o uso com estes sistemas.

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    A luta para controlar a informação na internet é também uma batalha interna do país: o bloqueio do Telegram pela Justiça aconteceu apenas uma semana depois de o presidente iraniano Hassan Rohani dizer que o aplicativo não seria censurado.

    Rohani prometeu aos cidadãos liberdade na internet e explicou que a propagação do uso do Sorush tem o objetivo de “acabar com o monopólio dos serviços de mensagem”, mas não de bloquear os outros aplicativos.

    Apesar de tudo, o próprio governo proibiu seus órgãos de usar o Telegram depois de 18 de abril, mesmo dia em que o líder supremo, Ali Khamenei, fechou seu canal no aplicativo.

    (Com EFE)

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