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Irã é expulso de comissão da ONU sobre mulheres por repressão a direitos

Moção apresentada pelos Estados Unidos afirma que a adesão de Teerã ao grupo era uma 'mancha feia' para a credibilidade

Por Da Redação
Atualizado em 14 dez 2022, 20h25 - Publicado em 14 dez 2022, 20h25
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  • O Irã foi expulso de uma comissão temática das Nações Unidas encarregada de empoderar as mulheres, nesta quarta-feira, 14, durante a quinta reunião plenária do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) na sede da organização mundial em Nova York, nos Estados Unidos.

    Durante a sessão, 29 dos 54 países votaram a favor de uma moção apresentada pelos Estados Unidos que afirmava que a adesão do Irã à comissão era uma “mancha feia” para a credibilidade do grupo. Teerã só se juntou ao grupo neste ano, meses antes da revolta popular que tomou o país a partir de setembro e que as autoridades iranianas tentam reprimir.

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    Ativistas e grupos de direitos humanos afirmam que o papel iraniano na Comissão sobre o Status da Mulher  tem sido uma farsa, à medida que surgem relatos de que autoridades iranianas tem espancado e matado mulheres, que tem pedido igualdade de gênero de maneira pacifica. Médicos afirmaram ao jornal britânico The Guardian que as mulheres tem sido alvo principal nos protestos e que as forças de segurança tem atirado em seus rostos, seios e órgãos genitais.

    O movimento de protestos no Irã foi desencadeado pela morte de Mahsa Amini, uma mulher curda-iraniana que morreu sob a custódia da polícia moral. Segundo eles, ela foi presa por usar o hijab, lenço iraniano que cobre a cabeça, da maneira errada. Desde então, o país passa pela maior revolta civil desde a Revolução Iraniana de 1979. 

    As autoridades, como é de praxe no país, responderam com violência e repressão, e espancado e atirando contra os manifestantes. O Irã também impôs bloqueios ao acesso à Internet, para impedir que os protestos se espalhassem e fossem divulgados para a comunidade internacional. Além disso, divulgou 11 sentenças de morte, duas das quais foram executadas para aterrorizar os manifestantes

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    A representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas disse que ativistas iranianas apelaram ao governo norte-americano para apresentar a resolução que expulsaria o Irã do órgão. Algumas das ativistas estavam presentes durante a votação desta quarta-feira. 

    “A comissão é o principal órgão da ONU para promover a igualdade de gênero e empoderar as mulheres”, disse a embaixadora Linda Thomas-Greenfield. “Ela não pode fazer seu importante trabalho se estiver sendo minada por dentro. A adesão do Irã neste momento é uma mancha feia na credibilidade da comissão”. 

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    Antes da votação, Amir Saied Iravani, representante do Irã nas Nações Unidas, rejeitou a resolução e disse que se tratava de uma “política hostil de Washington em relação ao povo iraniano”. O país também fez esforços para reunir o apoio internacional: seus 8 aliados, incluindo Rússia e China, votaram contra a resolução. No entanto, 16 países se abstiveram. 

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    No mês passado, um órgão separado das Nações Unidas, o Conselho de Direitos Humanos, votou pela abertura de uma investigação sobre abusos de direitos humanos no Irã, uma medida que pode aumentar a possibilidade de processos em tribunais internacionais.

    Na terça-feira 13, pela primeira vez desde que o Irã iniciou uma repressão aos protestos que tomam o país, o judiciário do país divulgou um número oficial do número de presos por demonstrações contra o regime. Segundo o site Mizan Online, do judiciário, tribunais dentro e ao redor da capital Teerã ordenaram a prisão de 400 manifestantes, com penas de até 10 anos.

    Apesar disso, o dado é incompleto. A capital é apenas uma das 31 províncias do país, o que significa que o número total de sentenças de prisão podem ser, estima-se, 7 vezes maior do que o que foi divulgado pelo Mizan Online. 

    Especialistas em direitos humanos das Nações Unidas afirmam que mais de 14 mil pessoas foram presas em todo o país desde meados de setembro. E o escritório do alto comissário dos direitos humanos da organização diz que mais de 300 pessoas foram mortas na repressão, pelo menos 40 delas eram menores de idade. 

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