A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, presa desde 2006 e condenada à morte por apedrejamento por adultério, foi autorizada a sair da prisão, afirmou nesta terça-feira o Judiciário do Irã, em uma nova reviravolta para um caso que provocou fortes críticas aos diretos humanos da República Islâmica. Um porta-voz do Judiciário disse que Sakineh tinha recebido uma “licença” para deixar a prisão há várias semanas por bom comportamento. Ele disse ainda, sem entrar em detalhes, que a decisão foi um sinal de “clemência da nossa religião para com as mulheres”. Não havia nenhuma declaração sobre se a liberação era permanente ou se estava sujeita a alguma forma de liberdade condicional. Sakineh tem dois filhos e foi condenada por adultério e cumplicidade no assassinato de seu marido em 2005.
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Um tribunal condenou-a morte por apedrejamento em 2006, mas a sentença foi suspensa em 2010 diante da pressão internacional sobre Teerã. Sua sentença foi depois reduzida para dez anos por ser considerado que ela teve participação indireta no assassinato de seu marido. Autoridades iranianas descartaram as alegações de abusos de direitos humanos, dizendo que estavam seguindo a lei islâmica.
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Sob a lei islâmica em vigor no Irã desde a revolução de 1979, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, e crimes como assassinato, estupro, assalto à mão armada, apostasia e tráfico de drogas são puníveis por enforcamento. A União Europeia (UE) considerou a sentença de apedrejamento como uma forma de “justiça bárbara, incompatível com o mundo civilizado”. O Vaticano pediu clemência e o Brasil lhe ofereceu asilo.
(Com agência Reuters)
Infográfico: A história de Sakineh