Irã diz que EUA são ‘viciados’ em sanções
Para ministro de Relações Exteriores, Europa terá de decidir se segue Washington ou se persegue seus próprios interesses na renegociação do acordo nuclear
Uma semana antes do início da vigência de medidas punitivas da Casa Branca contra o governo iraniano, o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou ontem (29) que os Estados Unidos são “viciados” em sanções,
“A história das Relações Exteriores dos Estados Unidos mostra que este país impôs a maioria das sanções [no mundo], contra um grande número de países”, disse Zarif em reunião com embaixadores e diplomatas iranianos. “Os americanos são viciados em sanções, e a dependência lhes impediu, inclusive durante o mandato de Barack Obama, de cumprir com as suas obrigações”, afirmou Zarif, citado pela agência oficial Irna, referindo-se ao antecessor de Trump.
O presidente americano, Donald Trump, decidiu em maio retirar unilateralmente os Estados Unidos do acordo nuclear de 2015, negociadas pelo governo de Obama e outros cinco países, e voltar a impor sanções ao Irã, que entrarão em vigor em agosto e novembro.
Antes da chegada de Trump à presidência, em janeiro de 2017, as autoridades iranianas já criticavam as sanções americanas que ainda estavam em vigor e que dificultavam o desenvolvimento da economia do país, principalmente os obstáculos para as relações bancárias. O pacto nuclear de 2015, assinado entre Irã e o chamado Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha), limita o programa atômico iraniano em troca da suspensão das sanções internacionais.
O Irã negocia agora com os demais signatários para garantir que os benefícios derivados do acordo serão mantidos, apesar da saída dos Estados Unidos. Mas a sanções americanos são extraterritoriais e afetam também a empresas e bancos de outros países. “Por isso, a Europa deve decidir se persegue os próprios interesses ou os dos Estados Unidos e do presidente Trump”, disse o ministro.
Para Zarif, atualmente os Estados Unidos estão “isolados” e têm de usar “pressão política” para evitar que outros países façam negócios com o Irã.
“Se Deus quiser, vamos melhorar a situação diariamente já que o mundo nos apoia e deveríamos aproveitar esta oportunidade”, acrescentou o ministro, que defendeu o aumento da produção nacional e das exportações não petrolíferas.
O setor energético, alvo de sanções que começarão a valer em novembro, é fundamental para a economia do Irã, que exigiu continuar com as exportações de petróleo e gás para permanecer no pacto nuclear.
(Com EFE)