Milhares de manifestantes invadiram o Parlamento do Quênia nesta terça-feira, 25, em um protesto contra a aprovação de uma lei para aumentar os impostos do país. A polícia queniana atirou contra os manifestantes, matando pelo menos cinco pessoas e incendiando partes do edifício parlamentar.
Os policiais tentaram impedir a entrada da multidão no edifício disparando gás lacrimogêneo e balas de borracha, mas muitos conseguiram invadir o local após a votação do projeto. Grande parte dos legisladores fugiu por um túnel, enquanto os manifestantes permitiram a saída daqueles que votaram contra a nova legislação.
Revolta geral
As manifestações foram desencadeadas pelo avanço de um projeto de lei que busca reverter o déficit dos cofres públicos, com objetivo de arrecadar US$2,7 bilhões (cerca de R$14,6 bilhões) por meio de impostos. A lei financeira, proposta em meio a uma crise econômica no país, também inclui uma taxa ecológica que elevaria o preço de bens como papel higiênico e fraldas.
A presidente da Sociedade Jurídica do Quênia, Faith Odhiambo, disse que 50 pessoas foram “sequestradas” – supostamente por agentes da polícia. Grupos humanitários denunciaram que diversos quenianos que participaram de protestos anteriores desapareceram um dia antes da votação da proposta.
Agora, o projeto de lei será encaminhado ao presidente queniano, William Ruto, que pode assiná-lo ou devolvê-lo ao parlamento se acreditar que o texto precisa de mudanças. Outras cidades e vilas do país também foram palco de protestos.
Crise econômica
Desde a eleição de Ruto, há quase dois anos, o país mergulhou em uma crise provocada pelos impactos da pandemia da Covid-19, da guerra na Ucrânia, de dois anos consecutivos de secas e da desvalorização da moeda local.
O presidente queniano, que está fora da capital Nairóbi, participando de uma reunião da União Africana, disse no fim de semana que estava preparado para negociar com os manifestantes, elogiando a ação “pacífica” dos protestos.
O governo já havia prometido eliminar os novos impostos propostos sobre pão, óleo de cozinha, propriedade de automóveis e transações financeiras, mas a medida foi considerada insuficiente pelos manifestantes.