Bangladesh foi palco de uma nova tragédia nesta quinta-feira quando um incêndio em uma fábrica de roupas deixou pelo menos oito pessoas mortas no distrito industrial de Mirpur, na capital Daca. O incidente acontece duas semanas depois que o desabamento de um prédio, que também abrigava confecções, matou mais de 800 pessoas e provocou revolta no país contra as péssimas condições estruturais do setor têxtil de Bangladesh.
Os primeiros relatos indicam que o incêndio de quinta começou quando a maioria dos funcionários já havia ido para casa, o que contribuiu para que o número de vítimas não fosse maior. Policiais acreditam que as vítimas realizavam uma reunião na hora em que o fogo se espalhou. Entre os mortos, está o dono da fábrica, Mahbubur Rahman.
Os bombeiros enviados para o local demoraram duas horas para controlar as chamas. “Foi um grande incêndio, mas nós conseguimos isolar ele em um único andar”, afirmou o bombeiro Mahbubur Rahman para a agência France-Presse. O fogo destruiu o nono pavimento do prédio de onze andares. Rahman acredita que as vítimas morreram sufocadas por fumaça tóxica das roupas e objetos armazenados na confecção. De acordo com a imprensa local, a fábrica havia passado por uma reforma de seu sistema elétrico poucos dias antes do incêndio.
Setor têxtil – A nova tragédia acontece um dia depois que o governo de Bangladesh, na tentativa de dar uma resposta para a população, fechou 18 fábricas de roupa no país — 16 delas apenas na capital — por motivos de segurança.
Os recentes desastres, no entanto, evidenciam que o governo ainda está longe de contornar as más condições trabalhistas e de segurança que sofrem os funcionários do setor têxtil em Bangladesh, os mesmo que abastecem várias multinacionais ocidentais e são responsáveis por 78% das exportações do país.
Bangladesh é o país com os custos mais baratos de produção na indústria da roupa em todo o mundo, e por isso empresas de vários países estão transferindo parte de sua produção para lá. Segundo dados da NGWF, nos últimos 15 anos, acidentes ocorridos em fábricas têxteis (incêndios ou desabamentos) no país deixaram 600 mortos e 3.000 feridos — números que ainda não consideram as duas últimas tragédias.