O Iêmen enfrenta “um perigo claro e presente de uma iminente e gigantesca fome”, advertiu nesta terça-feira, 23, o subsecretário-geral de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, Mark Lowcock, acrescentando que as vítimas podem totalizar 14 milhões de pessoas, o equivalente a metade da população local.
Em advertência ao Conselho de Segurança da ONU, ele afirmou que essa crise pode ser “muito maior do que qualquer coisa que os profissionais dessa área já tenham visto durante suas carreiras”.
Lowcock pediu “um cessar-fogo humanitário” nas proximidades de infraestruturas portuárias, onde se dá a distribuição de ajuda alimentar. A reunião do Conselho de Segurança foi convocada por iniciativa do Reino Unido por causa da piora acentuada da situação no Iêmen.
“As partes no conflito continuam violando o direito internacional humanitário”, denunciou o coordenador humanitário, referindo-se, por exemplo, à ocupação de depósitos que contêm alimentos e os ataques a hospitais.
Em sua última advertência, em setembro, a ONU estimava em 11 milhões o número de pessoas que poderiam ser afetadas pela fome. Mas, segundo Lowcock, “a situação piorou”, e agora a estimativa a ser considerada é de 14 milhões. Ele ainda negou as afirmações de que vá repetir as mesmas advertências todos os meses.
Mark Lowcock observou que três critérios permitem declarar esse estado de fome: uma em cada cinco famílias enfrenta uma extrema falta de alimentos; mais de 30% das crianças menores de 5 anos estão desnutridas; e pelo menos duas em cada 10.000 pessoas morrem todos os dias devido à falta de alimentos.
Conflito se arrasta há mais de três anos
Desde março de 2015, o Iêmen vem sendo devastado por um conflito que já matou ao menos 6.600 civis e deixou 10.560 feridos de guerra, de acordo com a ONU. Uma coalizão liderada pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos interveio depois que o movimento dos rebeldes houthi tomou o controle de grande parte do oeste do país e forçou a saída do então presidente Abdrabbuh Mansour Hadi.
As batalhas e um bloqueio parcial da coalizão sunita pró-Hadi já deixou 22 milhões de pessoas sob necessidade de ajuda humanitária, criando a maior situação emergencial por alimentos no mundo.
(Com AFP)