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Homem coloca fogo em si mesmo perto de gabinete de premiê do Japão

Caso é visto como um aparente protesto ao funeral de Estado marcado para o ex-premiê Shinzo Abe, assassinado em julho

Por Da Redação 21 set 2022, 11h00

Um homem ateou fogo ao próprio corpo no Japão em um aparentemente protesto contra o funeral de Estado organizado para o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe. O incidente ocorreu em Tóquio na manhã desta quarta-feira, 21, a menos de uma semana da controversa despedida ao político morto a tiros em julho.

A agência de notícias japonesa Kyodo e outros meios de comunicação locais disseram que a polícia foi chamada após relatos de que uma pessoa estava “envolta em chamas” perto do gabinete do primeiro-ministro.

Relatos da mídia disseram que o manifestante, que está na casa dos 70 anos, estava inicialmente inconsciente e sofreu queimaduras em todo o corpo. Após recuperar a consciência, ele disse à polícia que se encharcou de gasolina antes de incendiar o próprio corpo.

Ainda segundo a imprensa japonesa, um cartaz que expressava oposição ao funeral de Estado foi encontrado perto da vítima.

Protestos contrários à realização da cerimônia fúnebre, prevista para ocorrer em 27 de setembro, têm tomado as ruas de Tóquio nos últimos dias. Uma pesquisa da agência de notícias Kyodo, divulgada no domingo, revelou que 60,8% da população se opõem à homenagem ao ex-primeiro-ministro, com mais de 75% afirmando que o governo estava gastando “muito” com o funeral.

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Os custos do evento, estimados em 12 milhões de dólares (aproximadamente 62 milhões de reais), causaram escândalo no Japão, num período em que o país enfrenta alta na inflação e uma crise econômica.

Para além do gasto astronômico com o funeral de Estado, algo que não acontece há mais de cinco décadas no país, outro fator que pode ter contribuído para a resistência dos japoneses à despedida pomposa para o político é a suspeita de ligações controversas entre Abe e a Igreja da Unificação.

Os laços entre o premiê japonês e a organização religiosa sul-coreana foram descobertos após Tetsuya Yamagami, o homem que matou Abe, justificar o assassinato como vingança contra a Igreja, que teria levado sua família à falência.

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+ Suspeito de assassinato de Shinzo Abe guardava rancores, diz polícia

A seita é conhecida pela forma agressiva como incentiva os seus crentes a fazer doações de dinheiro e bens, e a mãe de Yamagami teria levado a família à falência ao oferecer à igreja tudo o que tinha, até a própria casa. 

A congregação, fundada na Coreia do Sul em 1954 pelo autoproclamado messias Sun Myung Moon, se estabeleceu no Japão por incentivo do avô de Abe, o também ex-primeiro-ministro Nobusuke Kishi, como uma oposição ao comunismo e ao sindicalismo no país.

+ Assassinato de ex-premiê japonês pode ter relação com grupo religioso

O caso trouxe à tona a enorme influência da Igreja da Unificação sobre centenas de políticos do Partido Liberal Democrata, com suspeitas de troca de favores entre eles e a seita.

Shinzo Abe, que governou o Japão por mais de oito anos seguidos, renunciou em 2020 alegando problemas de saúde. O político permaneceu influente até ser morto a tiros enquanto fazia um discurso de campanha eleitoral na cidade ocidental de Nara em julho deste ano.

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