O presidente americano, Donald Trump, conseguiu obter do governo da Guatemala o consentimento para abrigar centro-americanos solicitantes de refúgio nos Estados Unidos até a decisão final das autoridades migratórias. Washington ameaçava o país com a imposição de sanções caso não aceitasse essa atribuição. O México ainda rejeita essa função de “terceiro país seguro”.
Segundo a Casa Branca, o acordo foi assinado nesta sexta-feira, 26, no Salão Oval, sob a observação de Trump, pelo secretário interino de Segurança Interna, Kevin McAleenan, e o ministro de Governo da Guatemala, Enrique Degenhart. Na semana passada, o presidente guatemalteco, Jimmy Morales, teve de cancelar viagem a Washington para assinar o acordo porque foram apresentadas duas petições contrárias ao acordo na Corte Constitucional do país.
“Este acordo vai colocar os coiotes e os contrabandistas fora do negócio”, afirmou Trump, que alterou as regras aplicadas pelos Estados Unidos para os solicitantes de refúgio, em claro confronto com os compromissos do país e as leis internacionais.
“Intensificou-se o diálogo com a finalidade de encontrar soluções integrais de curto, médio e longo prazos para os temas de imigração, oportunidades de emprego e ameaças transnacionais”, informou comunicado do governo guatemalteco.
O acordo prevê, para os cidadãos guatemaltecos, a solicitação de vistos de trabalho temporários nos Estados Unidos para a área agrícola. Em médio prazo, serão estendidos para a construção civil e o setor de serviços. O comunicado diz que esses vistos, uma vez concedidos pelas autoridades americanas, permitirão aos imigrantes temporários ingressar nos Estados Unidos e retornar à Guatemala de forma segura e “evitar que sejam vítimas de estruturas criminosas”.
Ambos os governos deverão cooperar para também aplicar o plano aos migrantes de Honduras e de El Salvador ao passarem pela Guatemala em direção aos Estados Unidos. Enquanto aguardem a decisão sobre esses vistos, essas pessoas serão mantidas em território da Guatemala, com liberdade de regressar a seus países de origem.
O governo de Trump tem adotado medidas cada vez mais duras contra a imigração crescente vinda da fronteira com o México. desde o final do ano passado, aumentaram as caravanas de centro-americanos rumo Estados Unidos, em sua maioria composta por pessoas desesperadas com a violência, a pobreza e a falta de oportunidades em seu países de origem.
Essas iniciativas desafiaram medidas mais rígidas tomadas por Washington, como a separação de crianças dos adultos, a criminalização da imigração ilegal e a eliminação da possibilidade de um indocumentado permanecer nos Estados Unidos como solicitante de refúgio. Também correram em paralelo aos esforços de Trump para conseguir recursos para a construção do muro na fronteira do país com o México.
O presidente americano fez dessas promessas ao eleitorado conservador um pilar de sua campanha para a reeleição, em 2020. Segundo a publicação World Politics Review, a Guatemala responderam por cerca de 10% dos solicitantes de refúgio nos Estados Unidos em 2017.