Quase 2.000 pessoas foram detidas no Egito, como resultado da nova onda de manifestações em favor da renúncia do presidente Abdel Fattah Sisi, denunciou nesta sexta-feira, 27, o Observatório de Direitos Humanos (HRW). As autoridades egípcias também bloquearam ou interromperam vários serviços e portais da internet, nesta que é a maior operação de segurança desde a destituição do presidente islamita Mohamed Morsi, em 2013.
Os protestos continuam nesta sexta-feira em Luxos, Alexandria e Cairo. As entradas para a emblemárica praça Tahrir, palco dos protestos que levaram à queda do ditador Hosni Mukarak, foram fechadas pela polícia. Também houve concentrações em favor do governo de Sisi.
“Advogados dos detidos indicaram nas redes sociais que as forças de segurança prenderam de forma arbitrária muitas pessoas que simplesmente estavam ‘no lugar errado na hora errada’ ou por possuir conteúdos críticos (ao governo) em seus telefones celulares”, afirmou a HRW.
As detenções e restrições na internet “parecem destinadas a dissuadir os egípcios das manifestações”, declarou Sarah Leah Whitson, diretora para da HRW para o Oriente Médio.
Entre as quase 2.000 pessoas detidas estão 68 mulheres e um número indeterminado de menores de idade, segundo a organizacão não-governamental. Eles foram acusados de “se unirem a um grupo terrorista”, por realizarem “manifestação sem autorização” ou por “terem divulgado notícias falsas”.
As detenções coincidem com a convocação do empresário egípcio Mohamed Aly, exilado na Espanha, de novas manifestações nesta sexta-feira. Aly aprlou por um protesto de um milhão de homens para derrubar o governo de Sisi, a quem acusa de desembolsar recursos públicos em obras não necessárias.
Os protestos foram dispersados em algumas cidades com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. O ministro do Interior, Mahmoud Tawfik, declarou que as forças egípcias vão confrontar “qualquer tentativa de desestabilizar a paz social de maneira firme e decisiva”, segundo a rede de televião Al-Jazeera.
Sisi liderou o golpe de estado que, em 2013, derrubou o presidente islamita Mohamed Mursi e venceu com ampla maioria as eleições do ano seguinte, nas quais praticamente não houve participação da oposição.
Sob o regime do general Sisi, as autoridades adotaram uma política de repressão aos dissidentes, com a detenção de milhares de islamitas, assim como de ativistas laicos e bloqueiros famosos.
Na segunda-feira, o presidente americano Donald Trump chamou Sisi de “grande líder”, que restaurou a “ordem” no Egito, durante reunião em Nova York que precedeu sua participação na Assembleia-Geral das Nacões Unidas.