A ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, assinou nesta sexta-feira, 17, uma ordem para extraditar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para os Estados Unidos, onde enfrenta acusações de espionagem. O Wikileaks disse que a decisão marca um “dia sombrio para a liberdade de imprensa”.
Um tribunal de Londres emitiu uma ordem formal de extradição em abril. Coube a Patel dar o passo final, confirmando sua transferência para os Estados Unidos após uma batalha de anos nas cortes.
No entanto, mais alguns meses de disputas legais devem se seguir: Assange tem o direito de apelar da decisão desta sexta-feira dentro de 14 dias, de acordo com um comunicado do Ministério do Interior. O Wikileaks disse que vai apelar, enfatizando que o “próximo recurso será perante o Supremo Tribunal”.
A organização afirmou que Assange “não cometeu nenhum crime e não é um criminoso”, acrescentando que ele é um “jornalista e editor” que “está sendo punido por fazer seu trabalho”.
“Este é um dia sombrio para a liberdade de imprensa e a democracia britânica. Qualquer um que se preocupe com a liberdade de expressão deveria se sentir profundamente envergonhado”, acrescentou o Wikileaks.
Na declaração de sexta-feira, o Ministério do Interior enfatizou que os tribunais do Reino Unido não consideraram que a extradição de Assange seria incompatível com seus direitos humanos, porque terá direito a julgamento nos Estados Unidos e será tratado conforme a lei.
Assange está atualmente na prisão de alta segurança Belmarsh, em Londres, onde está detido há três anos. Ele é procurado nos Estados Unidos por 18 acusações criminais depois que o WikiLeaks publicou milhares de arquivos confidenciais e telegramas diplomáticos em 2010. Se condenado, Assange pode pegar até 175 anos de prisão.
Em janeiro de 2021, uma decisão do tribunal de magistrados considerou que Assange não poderia ser extraditado, pois seria “opressivo”, em razão de sua saúde mental. Mas o Supremo Tribunal britânico anulou essa decisão em dezembro, dizendo que Assange poderia ser extraditado com base nas garantias dadas pelo governo dos Estados Unidos de que o trataria bem.