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França troca primeira-dama ‘maltês’ por jornalista ‘rottweiler’

François Hollande tomou posse na 3ª feira levando com ele Valérie Trierweiler, companheira durona que é o total oposto da musa dos franceses, Carla Bruni

Por Cecília Araújo
16 Maio 2012, 11h41

“Carla Bruni é muito distante da política. Já Valérie Trierweiler é bem informada e engajada.”

Michel Crespy, sociólogo

Não são apenas o agora ex-presidente da França Nicolas Sarkozy e o recém-empossado François Hollande que têm imagens públicas (totalmente) opostas. Suas respectivas mulheres também não compartilham nada em comum a não ser a passagem pelo posto de primeira-dama. À atual, Valérie Trierweiler, conhecida pelo temperamento forte e mau humor, é conferido o apelido de rottweiler – sim, em alusão ao cão de guarda inteligente, bravo e com uma mordida extremamente poderosa. Referência que lhe cai como uma luva já que, reza a lenda, ela teria estapeado um colega de trabalho por causa de uma piada sexista. E esse é apenas um dos fatos que endossam a comparação. Por outro lado – e para seguir na linha canina – Carla Bruni faz mais o gênero maltês, o típico “cachorro de colo”, considerado carente e relutante ao adestramento, mas com uma aparência encantadora. Formada pela Sorbonne em História e Ciência Política, Valérie seguiu carreira no jornalismo e faz questão de ser politicamente ativa. Já a ex-modelo e cantora não se importa de fazer confidências à imprensa e prefere falar do seu gosto por telenovelas.

O rottweiler é um cão de guarda inteligente, o maltês é um canino de companhia
O rottweiler é um cão de guarda inteligente, o maltês é um canino de companhia (VEJA)

“Carla Bruni é muito distante da política. Ela é vista como uma burra arrebatadora [o entrevistado usa a expressão Une Ravissante Idiote, nome original do filme As Malícias do Amor, estrelado por Brigitte Bardot em 1964]. Já Valérie Trierweiler é bem informada e engajada”, destaca o sociólogo Michel Crespy, professor da Universidade de Montpellier, na França. Para ele, o papel de Carla no governo Sarkozy limitava-se a acalmar e encorajar o marido. “A única vez que se posicionou sobre um assunto de estado foi quando defendeu a Lei Hadopi, que protege os direitos do autor na internet. Mas ela estava preocupada com sua carreira como cantora e com seus amigos músicos”, lembra Crespy. Mas isso não quer dizer, necessariamente, que Valérie possa se intrometer em questões de estado, apesar de ser naturalmente uma pessoa mais opinativa. Afinal, os franceses elegeram um presidente, não um casal, lembra o professor: “Não será aceita muita influência feminina no governo de Hollande.”

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Aparência – Após o glamour exótico de Carla Bruni, de 44 anos, Valérie oferece uma versão diferente de primeira-dama. Moderna e independente, ela mantém a elegância com roupas de cores sóbrias, enquanto o corte de cabelo lhe dá um ar nobre. Aos 47 anos, chamou a atenção mundial durante as celebrações da vitória de Hollande na Bastilha, em Paris, e ofuscou a antecessora na posse de Hollande, na terça-feira. Dizem que assume também o papel de consultora de imagem do marido e que seria ela a responsável pelos nove quilos que ele emagreceu durante a campanha. Não tem origens exatamente humildes, mas cresceu em uma realidade mais modesta do que Carla, que é herdeira de um empresário italiano e de uma pianista. Valérie vem de uma família “burguesa empobrecida”, como ela mesma define, com um pai deficiente e uma mãe que trabalhava como caixa em uma pista de patinação na província de Angers, no oeste da França.

Ambiciosa quanto a seu futuro, Valérie se mudou de Angers para Paris a fim de estudar política. Começou como jornalista na extinta revista Profession Politique, e em 1989 foi contratada como repórter de política da Paris Match, onde trabalha até hoje. Curiosamente, uma das suas primeiras tarefas foi entrevistar Ségolène Royal, que tinha acabado de dar à luz em 1992 seu quarto filho com Hollande e era ministra do Meio Ambiente. Valérie também teve um breve encontro com Hollande anos antes, mas a amizade se aprofundou a partir de 2000, quando se encontravam com frequência na Assembleia Nacional. A relação amorosa entre os dois teve início em 2005, mas foi oficializada somente dois anos depois, quando o divórcio de Hollande foi divulgado. Tanto quanto possível, Valérie pretende manter o estilo de vida e já adiantou que quer continuar o trabalho como jornalista, embora tenha sido obrigada a deixar de escrever sobre política devido a seu claro envolvimento pessoal no tema.

Se a promessa for cumprida, ela será a única primeira-dama da França a manter seu emprego em toda a história. Até Carla Bruni deu uma pausa na rotina de cantora folk para não atrapalhar os compromissos de Sarkozy – carreira retomada antes mesmo do marido entregar o cargo. E não é apenas esse o fato inusitado sobre o qual se comenta no Eliseu. Nos salões do Quai d’Orsay, onde fica o ministério das Relações Exteriores francês, uma questão protocolar aflige os funcionários do governo: como classificar a nova primeira-dama, também a única na história do país que não é casada oficialmente com o presidente? Antes de Hollande, Valérie teve dois maridos: um amigo de infância e um editor da Paris Match, Denis Trierweiler, que lhe deixou três filhos e o sobrenome. E tanto ela quanto ele já deixaram claro que não se casarão por meras questões protocolares. Agora, se o amor falar mais alto, dizem, isso pode acontecer. Até lá, os membros do governo seguirão em seu dilema, e Valérie, adaptando-se à nova realidade. “É como se uma pessoa da plateia pudesse entrar na tela e se tornar parte do filme”, diz ela.

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