O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, pediu nesta terça-feira “sangue frio” à Turquia depois que o Parlamento francês aprovou uma lei que pune a negação do genocídio armênio. A aprovação da lei provocou protestos em Paris e uma crise diplomática entre os dois países, com ameaças de retaliação por parte do governo turco.
Entenda o caso
- • A França aprovou uma lei que pune com 1 ano de prisão e multa qualquer pessoa que negar a existência do ‘genocídio armênio’.
- • Os armênios afirmam que 1,5 milhão de pessoas foram assassinadas em 1915, durante I Guerra, na região do leste da Turquia; outros milhares foram deportados. Eles eram considerados inimigos e acusados de se aliarem com a Rússia.
- • O governo turco reconhece que cerca de 500.000 armênios morreram em combates e durante sua deportação, mas nega que as mortes tenham sido intencionais.
“Eu gostaria de pedir sangue frio a nossos amigos turcos e estender a mão a esse grande país, essa grande potência econômica, política”, declarou o chanceler à rede de televisão francesa Canal +. “Nós precisamos ter boas relações com a Turquia. Passada esta onda um pouco excessiva, é preciso dizer, estou convencido de que voltaremos a ter relações construtivas”, disse Juppé.
Alain Juppé lembrou que, como ministro das Relações Exteriores, ele considerava a lei “inoportuna”, mas negou-se a fazer outros comentários a respeito. O Parlamento francês adotou definitivamente na segunda-feira, depois de uma última votação no Senado, um projeto de lei que castiga com um ano de prisão e uma multa a negação do genocídio armênio. O presidente Nicolas Sarkozy deverá assinar a lei até o final de fevereiro.
Contexto – A Turquia, que rejeita a nova lei, realizou diversas pressões para impedir sua adoção. A Armênia diz que 1,5 milhão de pessoas morreram entre 1915 e 1916 quando o Império Otamano se dividiu, mas a Turquia diz que o número é muito menor. O governo turco sustenta que o julgamento do que aconteceu na época é trabalho dos historiadores, e que a lei restringe a liberdade de expressão. Segundo analistas, a decisão do governo francês foi influenciada pelas eleições presidenciais no país, marcadas para abril, já que há 500.000 pessoas de origem armênia vivendo na França.
(Com agência France-Presse)