Na próxima segunda-feira, 18, chefes de Estado de diferentes cantos do mundo vão se encontrar no Rio de Janeiro para a reunião anual dos líderes das vinte maiores economias do mundo, o G20. Em um mesmo ambiente, circularão os blocos divergentes em temas como guerra na Ucrânia, Oriente Médio e políticas econômicas.
Segundo o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, o contexto “é difícil para o multilateralismo”, já que a cúpula “está sendo realizada em um cenário de maior incerteza sobre a capacidade do grupo de propor diretrizes comuns para a governança global”. Ainda assim, o “Brasil conduziu com muita habilidade o trabalho do G20 ao longo deste ano”.
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Sob a missão espinhosa de presidir um encontro com um pano de fundo tão turbulento, o Brasil adotou a estratégia de levar às negociações um tema mais agregador e caro à Brasília: o combate à fome e à pobreza. A Aliança Global contra a Fome a Pobreza, que será lançada formalmente na segunda-feira, tem como objetivo estabelecer uma forma de captação de recursos e conhecimentos para a implementação de políticas públicas e tecnologias sociais eficazes para a erradicação da fome e da pobreza no mundo. O mecanismo, que já tem adesão de sessenta países, será gerido pelo governo brasileiro e pela FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação.
“Em termos de desigualdades, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza proposta pelo Brasil está perfeitamente alinhada com nossos compromissos internacionais com a segurança alimentar. No final de março de 2025, a França sediará uma cúpula em Paris sobre Nutrição para o Crescimento (N4G) com os mesmos objetivos”, ressaltou.
Na visão do diplomata, “a cúpula do G20 não poderá ignorar as crises internacionais, mas sua prioridade deve ser avançar nas questões globais”.
“A França apoia plenamente as prioridades estabelecidas pela presidência brasileira do G20. Com relação à reforma da governança global, concordamos com o Brasil que os países emergentes e em desenvolvimento precisam desempenhar um papel mais forte nas instituições internacionais”, disse Lenain.
Nas duas recentes cúpulas do G20, na Índia e na Indonésia, líderes, ministros e diplomatas encararam uma maratona de reuniões para conseguir, na última hora, uma declaração conjunta — que precisa de aprovação unânime. O cenário deve se repetir no Brasil, sob o risco de, mais uma vez, as discordâncias postas à mesa, agravadas com a guerra no Oriente Médio, ofuscarem outras áreas de discussão.
As reuniões de cúpula são sempre uma chance de o G20 ajudar a equacionar os imensos desafios do presente e garantir sua relevância, e o encontro do Rio não será diferente.